Review: A Unique Experience, NATASHA, PIERRE E O GRANDE COMETA DE 1812 Receives a First-Class Brazilian Version

Natasha, Pierre and the Great Comet of 1812 is inspired by a passage from Leon Tolstoy's masterpiece War and Peace. The musical was created by American composer Dave Malloy and became a big hit in his Broadway debut receiving 12 nominations at the 2017 Tony Awards.

Directed by Zé Henrique de Paula and musical direction by Fernanda Maia the show takes place on 033 Rooftop and features a conformation that promotes proximity and interaction between the audience, the cast and the orchestra. Bruna Guerin and André Frateschi are in the cast as Natasha and Pierre, while Gabriel Leone stands out in the role of the antagonist Anatole. 033 Rooftop offers an innovative culinary experience with Russian cuisine recipes.

Artigo de Paulo Sayeg, originalmente publicado no site É Sobre Musicais https://sobremusicais.wordpress.com/
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No último mês estreou em São Paulo um dos mais ambiciosos musicais a serem produzidos no país: Natasha, Pierre e o Grande Cometa de 1812. Baseado em um excerto do clássico Guerra e Paz, o espetáculo é a primeira montagem fora dos Estados Unidos a ser produzida desde a estreia na Broadway. Uma experiência única, por motivos que estarão todos neste texto, que promete se tornar um marco na cena do teatro musical paulista.

Guerra e Paz é um dos maiores títulos da literatura mundial. Escrito por Leon Tolstói, é um calhamaço com mais de 1200 páginas, narra a saga épica de 4 famílias aristocráticas russas em meio às Guerras Napoleônicas do início do século XIX. Adaptada para o cinema, televisão e teatro, a versão que nos interessa neste texto é a adaptação musical escrita e composta por Dave Malloy.

Malloy selecionou uma "fatia" de 70 páginas do segundo livro do épico. A trama do musical acompanha Natasha Rostova, uma jovem moça que está noiva de um príncipe (que luta na guerra) e vai a Moscou ficar aos cuidados de sua madrinha à espera da volta do noivo. Natasha vai à ópera pela primeira vez e em meio ao fascínio e estranhamento com o espetáculo conhece e é cegamente seduzida por Anatol Kuragin.

Natasha então fica num impasse, entre se casar com (o já secretamente casado) Anatol e arruinar sua posição na sociedade ou manter-se fiel à incerteza da volta de seu noivo Andrey Bolkonsky. De fato "é um romance russo complicado", então além desta narrativa também seguimos o arco de Pierre Bezukhov, um bastardo que herda uma grande fortuna e mesmo assim é motivo de chacota da sociedade. Solitário e preso à um casamento infiel, Pierre busca uma razão para viver.

Apesar de parecer complexo demais, O Grande Cometa, é um grande romance de proporções épicas que prende o espectador e o faz sentir uma onda de emoções a cada cena. O musical vem ganhando o público e a crítica por onde passa, desde sua estreia off-Broadway em 2012. Somente em 2016 o espetáculo chegou aos palcos da Broadway. Sempre mantendo sua atmosfera imersiva, reformulou a plateia do Imperial Theatre com mesas e cadeiras espalhadas por todo o espaço. Foi indicado à 12 Tony Awards em 2017.

Menos de dois anos da sua estreia na Broadway, o "Cometão" (como é chamado pelos mais íntimos) chegou ao Brasil. Nas mãos da Move Concerts e Firma de Teatro (vinculada ao Núcleo Experimental) este projeto arriscado pôde ser realizado. Os produtores gerais Adriana Del Claro e Zé Henrique de Paula apostaram alto em trazer um musical tão fora da curva e tão moderno em uma temporada recheada de musicais conhecidos do grande público e de entretenimento familiar. E não está cedo para dizer que

fizeram um grande acerto.

O "Cometão" já chegou deixando sua marca ao estrear o 033 Rooftop, no último andar do complexo do Teatro Santander, como espaço teatral. Completamente reformulado, o espaço se transformou em um clube russo onde o espectador está completamente imerso no universo do espetáculo. Além de toda a ambientação, o musical ocupa todo o espaço e é uma experiência 360°, com cenas e interações com a plateia em todo lugar. Além disso, ainda há uma experiência com menu completo de comidas típicas russas, para os que adquirem o pacote gastronômico antes e durante o intervalo do musical, e um bar que serve drinks especiais. Além da experiência, que é comprada à parte do ingresso, o 033 Rooftop também conta com serviço à la carte para os pratos e as bebidas.

Um grande desafio do formato imersivo de O Grande Cometa é o desenho de som, uma vez que todos os lados do espaço devem ouvir com a mesma qualidade cenas que acontecem perto e do outro lado do 033 Rooftop. João Baracho e Guilherme Ramos conseguiram esta proeza. Fran Barros criou, mais uma vez, um desenho de luz impecável e quase poético no uso de cores e nos focos de iluminação, trazendo uma emoção cromática a cada mudança de iluminação.

A ambientação do espaço é trabalho dos cenógrafos Bruno Anselmo, na construção do palco e dos espaços onde as cenas acontecem, e Cesar Costa, no foyer do espaço imergindo o público no club, com cortinas de veludo vermelho e quadros cheios de elementos da cultura e história russos.

Homem de muitas funções, Zé Henrique de Paula idealizou os figurinos do musical com maestria. A riqueza de detalhes e referências é de encher os olhos. Todos trazem personalidade e requinte aos personagens, e cada detalhe foi minuciosamente escolhido (fique atento, por exemplo ao peculiar colar de Hélène ou ao imundo roupão do Velho Bolkonsky). Casando muito bem com os luxuosos figurinos temos o visagismo eficaz de Fabio Petri, também repleto de referências e executados perfeitamente.

O que dizer das coreografias de Gabriel Malo? Geniais! Toda a direção de movimento e coreografia é impressionante, tanto pela técnica quanto pela criatividade. Com toques modernos e tradicionais, Malo criou uma linguagem corporal interessantíssima. As cenas que acontecem no club e na ópera, frequentados pela alta sociedade russa, trazem muita energia. Aliada aos outros elementos cênicos, a coreografia se torna um espetáculo à parte da narrativa. Zé Henrique de Paula se superou na direção de O Grande Cometa. Seu talento não era segredo para ninguém, mas este trabalho é impecável. Diretor de musicais como Urinal - O Musical, Lembro Todo Dia de Você e Pacto - A História de Leopold e Loeb, Zé Henrique molda a delicadeza em pequenos gestos e traz forte impacto nas cenas mais decisivas da história.

Outro grande desafio foi utilizar o espaço quase que inteiro do 033 Rooftop para contar esta história. Lidando com diferentes pontos de vista dos espectadores, dirigir este musical não é tarefa fácil, porém parece algo feito com tanta naturalidade por Zé Henrique que impressiona. Só assistindo para entender a magnitude do que está em cena.

Precisamos falar dela: Fernanda Maia. Diretora musical e versionista (com a colaboração de Zé Henrique de Paula) de O Grande Cometa também teve grandes desafios com a montagem. Presente em todas as apresentações Maia fica no centro do espaço fazendo toda a música acontecer no comando de outros 13 músicos, além da própria, pianista principal da orquestra.

Com sons vindos de todos os lados é hercúleo comandar e sincronizá-los todos para que o musical funcione. As versões são um primor. Apesar de não requerer rimas, visto que o original quase não as têm, o desafio de trazer para o português este clássico é compilar em poucas palavras diversos sentimentos e impressões. O uso de rimas não convencionais e proparoxítonas chega a ser divertido de tão cativante. Não à toa os espectadores são sempre flagrados cantando o refrão dos agradecimentos da peça.

Todo o elenco é impressionante. O ensemble é composto por Arthur Berges, Daniel Cabral, Fabiana Tolentino, Giovanna Moreira, Guilherme Leal, Letícia Soares, Natália Glanz, Nani Porto, Rafael Pucca, Thiago Perticarrari e Wilson Feitosa. Todos eles têm momentos de destaque, é difícil salientar apenas um. Quem assiste ao espetáculo, em qualquer assento, tem uma experiência única com as interações do elenco, desde troca de olhares até alguns atores dando um gole na sua bebida. Uma dica, fique de olho na mulher-gato e no rapaz com touca de urso.

Vale salientar Thiago Perticarrari na sua interpretação do protagonista Pierre. Perticarrari dá nova vida ao personagem. Muito mais centrado, melancólico e delicado. Além de toda sua identidade vocal marcante, Perticarrari traz muita sutileza e nuance na interpretação. Até a forma como segura seus óculos é dramaticamente perfeita.

Apesar de ser "só uma ponta", a aparição de Vitor Moresco (Les Miserábles, Romeu+Julieta) como o cocheiro Balaga é marcante. Em meio ao drama do segundo ato, o personagem inflama o público com energia. O cocheiro, que tem até música com o próprio nome, é muito divertido e a interpretação de Moresco é pontual. Além disso, vale a pena prestar atenção no ator nas cenas onde faz coro. Lola Fanucchi (Nas Alturas, Ghost - O Musical, Nine - Um Musical Feliniano) emociona como Princesa Mary, filha religiosa e recatada do Velho Bolkonsky.

Em suas poucas aparições como a personagem, a atriz imprime uma entrega e uma força ao enfrentar os abusos que Mary sofre do pai, um senhor descontrolado e ao mesmo tempo senil. Lola tem uma voz suave mas também traz imponência e humor quando necessário.

Dividindo dois papéis, pai e filho, Patrick Amstalden (Musical Mamonas, Castelo Rá-Tim Bum - O Musical, Peter Pan) usa seus talentos humorísticos e como galã. Quando Velho Bolkonsky é violento na sua interpretação e em poucos segundos faz o público entender que tipo de homem é este. Sua troca com Lola Fanucchi é extremamente

poderosa. Mais ao final, quando encarna Andrey Bolkonsy, Amstalden é emotivo e o

extremo oposto do enérgico Velho.

André Torquato (Cargas D'Água - Um Musical de Bolso, Priscilla, A Rainha do Deserto - O Musical, Gypsy) traz eletricidade ao personagem aparentemente "sem importância" Fedya Dolokhov. Com muita personalidade e habilidade vocal e para dança, Torquato marca como o melhor amigo de Anatol. É sarcástico e se apresenta muito bem como o irônico e brigão Dolokhov.

Carol Bezerra (Beatles Num Céu de Diamantes, Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos) é uma grande surpresa. Não muito conhecida do grande público, Bezerra é uma atriz brilhante dona de uma voz marcante. Cheia de energia, sensualidade e malícia interpreta Hélène Bezukhova, esposa infiel de Pierre, com perfeição. Sabe mergulhar nas nuances da personagem, a rainha da noite russa. Seu solo Charmanté é um showstopper que levanta a plateia e a leva ao delírio.

Indicada na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante na 6ª edição do Prêmio Bibi Ferreira, Nábia Villela (Urinal - O Musical, Cantando na Chuva, Roque Santeiro) é Marya Dmitryevna, madrinha de Natasha e dama da sociedade moscovita. Atriz potente com voz presente, Nábia se sai muito bem no papel da austera Marya D., aplicando muito bem sua veia cômica e sua dramaticidade. Admirá-la quando está em cena ou apenas na cena é algo divino, pois sempre há algo sendo feito e com muitas intenções subliminares.

Interpretando Sonya temos duas atrizes completamente diferentes. Adriana Del Claro (Nuvem de Lágrimas), que também é uma das produtoras ousadas de O Grande Cometa, entrega uma Sonya mais contida e melancólica. A força da sua interpretação é mais tocante no solo do segundo ato Natasha Adoeceu, onde toda a vulnerabilidade da personagem é explorada, emocionando o público.

Miranda Kassin, estreante em musicais, é uma Sonya mais enérgica e visceral. Tão interessante quando a melancolia de Del Claro é a força de Kassin e o seu senso de responsabilidade com Natasha. Seu ponto mais brilhante é a ária Sonya Sozinha, na qual a emoção e a potência vocal da atriz toma a platéia e a deixa vidrada. Vale ressaltar que nesta produção as atrizes alternam de forma bem equivalente a quantidade de sessões em que se apresentam, dividindo irmanamente o papel.

Gabriel Leone finalmente volta ao teatro musical depois de sua breve participação em Wicked há 2 anos. Interpretando o sedutor Anatol Kuragin, Leone é certeiro. Sua atuação traz uma soberba e uma artificialidade ao personalidade que faz o público amar odiá-lo. Leone atua de tal forma que é possível entender como Natasha se apaixonou tão rápido por Anatol. Vocalmente o ator também é excelente, especialmente nos maiores agudos do personagem.

Estreante em musicais, o cantor André Frateschi vive Pierre Bezukhov, o "trouxa beberrão" que vive uma vida infeliz e reclusa em um casamento infiel e sob a chacota da alta sociedade da qual pertence. Visceral em diversos momentos, Frateschi comove e impõe muita força e emoção, especialmente em seu grande número Pó e Cinzas. As cenas finais do personagem são interpretadas com tal vulnerabilidade que não ocasionalmente leva muitos às lágrimas.

Por fim, Bruna Guerin (Cantando na Chuva, Urinal - O Musical, Rocky Horror Show) comprova mais uma vez que está entre as melhores atrizes de teatro musical da sua geração. Natasha é uma personagem de difícil execução que exige tônus, tanto vocalmente quanto na interpretação. Protagonista do espetáculo, passa quase todo o tempo em cena e constrói muito bem o arco da personagem. Em alguns momentos incisiva até quase o ponto de se tornar pedante e em outros suave e frágil, Guerin traz muita personalidade à Natasha. Quando anunciada a vinda do espetáculo para o país, Bruna Guerin era a escolha perfeita para o papel. Hoje essa suposição se confirma cada vez mais a cada sessão.

Enfim, Natasha, Pierre e o Grande Cometa de 1812 é um musical que precisa ser visto. Uma história comovente, uma equipe criativa e técnica impecável e atores fantásticos. Se tudo isso não for chamariz o suficiente, o espetáculo ainda é uma experiência multissensorial que imerge o espectador em uma energia calorosa. Mais uma vez ressalto o mérito dos produtores de terem escolhido um espetáculo tão ousado e arriscado de se montar no Brasil. Natasha, Pierre e o Grande Cometa de 1812 é, sem dúvida, o melhor espetáculo de teatro musical em cartaz na capital paulista.

ELENCO:
Pierre - André Frateschi
Natasha - Bruna Guerin
Anatole - Gabriel Leone
Boris - Guilherme Leal
Julia - Nani Porto
Sonya - Adriana Del Claro
Sonya (alternante) - Miranda Kassin
Denisov - Wilson Feitosa
Princesa Mary - Lola Fanucchi
Marya D - Nábia Villela
Vasili - Daniel Cabral
Vera - Natália Glanz
Dolokhov - Andre Torquato
Anna Pavlovna - Fabiana Tolentino
Balaga - Vitor Moresco
Hélène - Carol Bezerra
Petya - Arthur Berges
Anna Mikhailovna - Letícia Soares
Mlle Bourienne - Giovanna Moreira
Bolkonsky / Andrey - Patrick Amstalden
Berg - Rafael Pucca
Nikolai - Thiago Perticarrari

FICHA TÉCNICA:
Autor: Dave Malloy
Versoes em Portugues: Fernanda Maia (com colaboração de Ze Henrique de Paula)
Direçaco: Ze Henrique de Paula
Direcao Musical: Fernanda Maia
Assistente de Direcao Musical: Rafa Miranda
Coreografia: Gabriel Malo
Assistente de Direcao: Fabio Redkowicz
Coordenadora de Producao: Tatiana Veliz
Produtora Executiva: Mariana Mello
Projetos Incentivados: Daniela Figueiredo
Cenografia: Bruno Anselmo
Assistente Cenografia: Cesar Costa
Figurinos: Ze Henrique de Paula
Assistente de Figurino: Graziela Bastos
Iluminacao: Fran Barros
Design de Som: Joao Baracho
Stage Manager: Joao Paulo Oliveira
Visagista: Fabio Petri
Diretora de Marketing e Planejamento: Anne Crunfli
Design Grafico: Wallace Gerardi
Diretora Comercial: Simone Carneiro
Assessoria de imprensa: TAGA Comunicacao
Mi?dias Sociais: Agência Naus
Fotografia: Stephan Solon e Victor Miranda
Producao: Adriana Del Claro / Firma de Teatro
Realização: Move Concerts
Patrocínio: Santander e Zurich Santander

SERVIÇO:
"NATASHA, PIERRE E O GRANDE COMETA DE 1812"
Apresentado por: Ministério da Cultura, Banco Santander, Zurich Santander
Patrocínio: Santander GetNet
Apoio: Multiplus
Realização: Move Concerts e Firma de Teatro
Luminárias: Sputnik Design - Ana Neute (www.itenscollections.com / inbox@itenscollections.com, @itens_)
Abertura de vendas: 03/08
Estreia: 24 de agosto de 2018
Temporada: Até 25 de novembro de 2018
Local: 033 Rooftop
Endereço: Complexo do Shopping JK - Av. Juscelino Kubitschek, 2041 - Itaim Bibi - SP
Horário: Sextas - 21h30 / Sábados - 16h e 21h30 / Domingos - 19h30
Classificação Etária: 12 anos.
Duração: 2h30 (com 20 minutos de intervalo)
Capacidade: 404 pessoas
Acesso para deficientes
Estacionamento: Valet R$ 35,00 - aceita todos os cartões de déito/crédito

INGRESSOS:

Setor	Inteira	Meia-entrada
Mesa	R$ 160,00	R$ 80,00
Balcão	R$ 130,00	R$ 65,00

CANAIS DE VENDAS OFICIAIS:
SEM TAXA DE SERVIÇO
Bilheteria do Teatro Santander - horário de funcionamento: domingo a quinta, das 12h às 20h ou até o início do espetáculo / sexta e sábado, das 12h às 22h ou até o início do espetáculo)

COM TAXA DE SERVIÇO
Site: www.ingressorapido.com.br
Formas de pagamento: Amex, Aura, Diners, dinheiro, Hipercard, Mastercard, Visa e Visa Electron

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