The production runs from July 26th through August 25th, at Teatro Anchieta – SESC Consolação.
Lear, king of Britain, decides to divide the kingdom between his three daughters, Cordelia, Regan and Goneril. However, Cordelia refuses to participate in the crown passing rite, and the furious king condemns her to exile. Cordelia's exile sets in motion the complete disintegration of the kingdom. Crownless, betrayed by his daughters and seeing his kingdom on the brink of war, Lear sinks into a spiral of madness.
In a tribute to drag queen art, Cia. Extemporânea opens an adaptation of the tragedy King Lear, by William Shakespeare (1564-1616). The show runs at Teatro Anchieta at Sesc Consolação, from July 26th to August 25th, with performances on Fridays and Saturdays, at 8pm, and on Sundays, at 6pm. There will also be an afternoon session on Thursday, August 22nd at 3pm.
The production is directed by Ines Bushatsky and features Alexia Twister, Antonia Pethit, DaCota Monteiro, Ginger Moon, Lilith Prexeva, Maldita Hammer, Mercedez Vulcão, Thelores and Xaniqua Laquisha. Playwright João Mostazo wrote the adaptation of the text.
The play brings the elements of classic Shakespearean dramaturgy to contemporary drag language, without either one or the other being disfigured in the process – that is, without Shakespeare losing out on poetry and tragicity, and without drag losing its character in what it has to more authentic to offer: the dissolution of aesthetic boundaries and the challenge of traditional gender roles.
Em uma homenagem à arte drag queen, a Cia. Extemporânea estreia uma adaptação da tragédia Rei Lear, de William Shakespeare (1564-1616). O espetáculo fica em cartaz no Teatro Anchieta do Sesc Consolação, de 26 de julho a 25 de agosto, com apresentações às sextas e aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 18h. Haverá também uma sessão vespertina na quinta, 22 de agosto, às 15h. As sessões dos dias 9 e 10 de agosto contarão com acessibilidade em libras.
A montagem tem direção de Ines Bushatsky e traz no elenco Alexia Twister, Antonia Pethit, DaCota Monteiro, Ginger Moon, Lilith Prexeva, Maldita Hammer, Mercedez Vulcão, Thelores e Xaniqua Laquisha. O dramaturgo João Mostazo assina a adaptação do texto.
O espetáculo traz os elementos da dramaturgia shakespeariana clássica para a linguagem drag contemporânea, sem que nem uma nem outra se desfigurem no processo – isso é, sem que Shakespeare perca em poesia e tragicidade, e sem que a drag se descaracterize naquilo que ela tem de mais autêntico: a dissolução das fronteiras estéticas e o desafio aos papéis tradicionais de gênero.
Como conta a diretora Ines Bushatsky, “quem está em cena é aquilo que, ao longo do processo, chamamos de ‘a drag total’. Para além da comicidade em que já estamos habituados a vê-la, é a drag nesse registro trágico. Vamos do cômico ao trágico, do performático ao teatrão, às vezes dentro de uma mesma cena”.
Mercedez Vulcão lembra que a drag sempre esteve no teatro, mas, por razões religiosas e patriarcais, acabou sendo estigmatizada e marginalizada. “Ainda hoje, há aqueles (artistas, inclusive) que enxergam a drag como uma arte ‘menor’. Por isso a importância de colocá-la no centro de um palco como este, protagonizando uma obra de Shakespeare. Parece, mas não é uma novidade. É na verdade o resgate de espaços que há muito já nos pertenceram”.
Alguns inclusive propõem que o termo “drag” teria sido cunhado pelo próprio Shakespeare, sob a forma de uma nota de rodapé em um manuscrito, indicando que o ator deveria se vestir com roupas de mulher (em inglês, drag seria uma sigla para “dressed resembling a girl”). Na época, não era permitido que as mulheres atuassem nas peças e as personagens femininas eram interpretadas por homens. Ao longo dos séculos a arte drag se expandiu, e hoje vai muito além, englobando um pensamento moderno sobre visagismo, costura e performance para tensionar os papeis tradicionais de gênero.
Ginger Moon complementa: “embora nunca tenha saído dos palcos, infelizmente durante muito tempo a drag ficou fora do teatro mais mainstream. Isso está mudando, mas ainda é pouco perto da quantidade de drag queens, drag queers e drag kings talentosas que existem”. Para ela, ainda, o processo de criação do espetáculo foi uma oportunidade de conviver com outras artistas drag em um espaço diferente das festas e baladas. “Muitas vezes a drag é uma arte solitária. A gente acaba tendo que fazer tudo sozinha, do figurino à maquiagem e à produção, além da performance”. Nos ensaios, conta, o elenco descobriu novas formas de companheirismo e irmandade.
“A arte drag é ampla e multifacetada, no elenco convivem perspectivas estéticas diferentes, e complementares. Não existe só uma maneira de fazer drag, as possibilidades são inúmeras. Assim, o espetáculo contribui para mostrar também a diversidade desse universo”, complementa a diretora.
A montagem
Na tragédia de Shakespeare, Lear, rei da Bretanha, está muito velho e anuncia que decidiu dividir seu reino entre suas três filhas: Goneril, Regan e Cordelia. Antes de passar a coroa, o monarca pergunta: “qual das três me ama mais?”. Quem demonstrasse maior amor pelo pai ganharia a maior porção de terras. Cordelia, a mais nova e a única que o ama genuinamente, se recusa a participar daquele jogo. Furioso, Lear decide condenar a caçula ao exílio.
Após o banimento da irmã, Regan e Goneril começam uma luta violenta pelo poder. Traído pelas filhas, o velho rei vê seu reino à beira de uma guerra e afunda em uma espiral de loucura, arrependido por banir a única pessoa que o amou de verdade.
Com figurinos de Salomé Abdala e visagismo de Malonna e Polly, a montagem da Cia. Extemporânea imagina um mundo drag queen, onde todos os eventos e conflitos são modulados por essa estética. Nessa perspectiva, Lear é uma “mama drag” e suas filhas estão disputando o poder.
“A peça mostra como a tragédia shakespeariana e a arte drag têm vários pontos de contato”, conta João Mostazo. “O que fomos descobrindo é que a drag tem em si toda a potência trágica, ela acessa toda a complexidade de emoções que compõe a tragédia. E, por outro lado, com as suas sacadas de linguagem, provocações e irreverência, Shakespeare é também muito mais drag do que normalmente se supõe”.
Essa intersecção está, por exemplo, no uso que o espetáculo faz de recursos como o lipsync, número de dublagem típico da cultura drag: “Quando o rei enfim se joga no abismo da loucura, ele o faz performando, como se estivesse em uma boate, dublando e dançando. A loucura é sublinhada pela perda de identidade da drag. É como se Lear se perguntasse: por que estou dublando, por que estou dançando, quem sou eu?”, complementa a diretora.
A montagem, que conta ainda com cenário de Fernando Passetti e luz de Aline Santini, desperta também uma discussão sobre o ato político de Cordelia, que, ao desafiar o pai, provoca um efeito propriamente revolucionário, desorganizando por inteiro aquela sociedade. Dessa forma, a montagem destaca a relação íntima entre ação política e compromisso ético, pois a recusa da personagem é, no fundo, uma recusa a seguir reproduzindo a mentira que sustentava aquele mundo.
Sobre a Cia. Extemporânea
Fundada em 2015, a Cia. Extemporânea tem como horizonte de pesquisa a intersecção entre comédia e violência, com foco para a produção de dramaturgia autoral e a encenação de temas de relevância política e social. Desde a sua criação a companhia vem desenvolvendo uma pesquisa consistente que já atravessou diversas abordagens e temas, levando o grupo a alcançar um lugar de cada vez maior destaque na cena paulistana atual.
Entre 2015 e 2024 a companhia criou as peças Fauna Fácil de Bestas Simples (2015), A Demência dos Touros (2017) e Roda Morta: Uma Farsa Psicótica (2018), B de Beatriz Silveira (2021), O Mistério Cinematográfico de Sendras Berloni (2022), Dr. Anti (2022) e A Gente te Liga, Laura (2024).
Ficha Técnica
Direção: Ines Bushatsky
Elenco: Alexia Twister, Antonia Pethit, DaCota Monteiro, Ginger Moon, Lilith Prexeva, Maldita Hammer, Mercedez Vulcão, Thelores, Xaniqua Laquisha
Texto adaptado e assistência de direção: João Mostazo
Cenário: Fernando Passetti
Luz: Aline Santini
Figurino: Salomé Abdala
Visagismo: Malonna e Polly
Assistente de perucaria: Yuri Tedesco
Trilha sonora e operação de som: Gabriel Edé
Preparação vocal: Felipe Venâncio
Operação de luz: Pajeu Oliveira
Microfonista : Viviane Barbosa
Contrarregragem: Felipe Venâncio, Matias Ivan Arce
Costureiras: Caio Katchborian, Nana Simões, Salomé Abdala
Sapatos: Porto Free Calçados
Bordados: Alesha Bruke, Salomé Abdala
Fotos: Mariana Chama, Suka, Tetembua Dandara
Arte gráfica: Lidia Ganhito
Redes sociais: Mariana Marinho
Assistente de Produção: Gabriela Ramos
Direção de Produção: Tetembua Dandara
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Este projeto foi contemplado pela 18ª Edição do Prêmio Zé Renato - Secretaria Municipal de Cultura
Serviço
REI LEAR, DA CIA. EXTEMPORÂNEA
Temporada: 26 de julho a 25 de agosto*
Às sextas e aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 18h
*Sessão dia 22 de agosto, , às 15h
Sessões com acessibilidade em libras 9 e 10 de agosto
Sesc Consolação – Teatro Anchieta – Rua Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque
Telefone: 11 3234-3000
Na rede: /sescconsolacao
sescsp.org.br/consolacao
Horário de funcionamento: terça a sexta, das 10h às 21h30. Sábados, das 10h ás 20h. Domingos e feriados, das 10h ás 18h30.
Ingressos: https://www.sescsp.org.br/programacao/rei-lear/
R$50,00 (inteira), R$25,00 (meia-entrada) e R$15.00 (credencial plena)
Venda online em sescsp.org.br a partir de 16/7 (terça), às 17h
Venda presencial na bilheteria de qualquer unidade do Sesc SP a partir de 17/7 (quarta), às 17h
Classificação: 14 anos
Duração: 120 minutos
Capacidade: 280 lugares
Acessibilidade: teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida
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