By Claudio Erlichman. Starring Eline Porto, Beto Sargentelli, Adriana Del Claro, Claudio Lins, and a great cast the production runs from March 10th through May 14th.
The most famous criminal love story of all time, lived by the couple who became known for terrorizing the USA in the 1930s, arrives now the Brazilian stage for the first time with the production of Bonnie & Clyde. Produced by Del Claro Produções (Sweeney Todd; Chaves - Um Tributo Musical; Natasha, Pierre and the Great Comet of 1812) and H Produções Culturais (Nautopia - O Musical and The Last 5 Years), the musical opened for the first time in Latin America on March 10th at 033 Rooftop at Teatro Santander, located in Complexo JK Iguatemi, in São Paulo, under the direction by João Fonseca, the musical direction by Thiago Gimenes and choreograpy by Keila Bueno.
Based on the audacity and absurdity of the famous gangsters, the story was the basis of the movie Bonnie & Clyde, directed by Arthur Penn in 1967, with Faye Dunaway and Warren Beatty, in which the theatrical version was inspired, with songs by Frank Wildhorn (Jekyll & Hyde), lyrics by Don Black (Sunset Boulevard) and libretto by Ivan Menchell. The adaptation opened in San Diego in 2009, hitting Broadway in 2011, and winning two Tony Award nominations, as well as three Outer Critics Circle Awards and five Drama Desk Awards, both including Best New Musical. In 2022, it had a sold-out season in London's West End, where it re-released in March, almost simultaneously with the Brazilian production.
"Eles são jovens, estão apaixonados... e matam pessoas", dizia o pôster do famoso filme Bonnie e Clyde - Uma Rajada de Balas, (Bonnie & Clyde, 1967 - direção de Arthur Penn), estrelado por Warren Beatty e Faye Dunaway. Com alguns adornos, essa continua sendo a história deste musical que agora estreia no 033 Rooftop, do Complexo JK, em São Paulo, sobre os bandidos texanos do início dos anos 1930. Ivan Menchell como roteirista, Frank Wildhorn como compositor e Don Black como letrista, fazem um trabalho profissional, escolhendo como protagonistas o famoso casal ladrão de bancos da era da Grande Depressão norte-americana: Bonnie Parker (1910-1934) e Clyde Barrow (1909-1934).
Você não precisa, é claro, gostar do protagonista de um musical. Anti-heróis como Gaylord Ravenal em Show Boat - O Barco das Ilusões, Billy Bigelow em Carrossel e Harold Hill em The Music Man - O Vendedor de Ilusões, por exemplo, têm algo redentor sobre eles, e até mesmo Roxie Hart e Velma Kelly em Chicago, são o cerne de uma sátira amarga. Sweeney Todd, de Stephen Sondheim (1930-2021), levado ano passado neste mesmo espaço é um assassino em série, embora pelo menos tenha um motivo e uma deixa para o assassinato. Neste caso, no entanto, Bonnie Parker e Clyde Barrow parecem movidos por pouco mais do que um desejo desesperado de fama: Bonnie, em particular, fantasia em ser uma poetisa e estrela da Broadway, enquanto o sempre de armas em punho Clyde deseja ser visto alucinadamente nas manchetes dos jornais como um novo Billy the Kid (1859-1881) ou Al Capone (1899-1947). O roteiro de Menchell se esforça para apontar a natureza improvisada da existência da dupla em fuga, com canções que inevitavelmente sentimentalizam a história combinando baladas românticas, Broadway pop, rockabilly, country blues, jazz da época e música gospel, enquanto o casal fica "lado a lado até o fim".
Se você não tem familiaridade com "o casal mais procurado da Broadway", alerta de spoiler: eles morrem no final, quando estavam numa estrada rural a bordo de seu Ford - V8 (há um automóvel original deste modelo no foyer onde o público pode entrar, tirar fotos e postar nas redes), cravejados por cerca de 130 tiros desferidos por policiais contra o veículo numa emboscada. Aqui, neste musical os fugitivos românticos Bonnie & Clyde, também morrem no começo da encenação, nos fazendo pensar que tudo aquilo que assistimos durante as duas horas e meia (divididas em dois atos) do show seja visto através de nosso conhecimento de suas mortes, um grande flashback.
Eline Porto faz uma Bonnie encantadora e elegantemente sedutora - como demonstra no número "Que tal Dançar" -, distraída por pensamentos em ser como seu ídolo, a estrela hollywoodiana Clara Bow (1905-1965), e mesmo durante momentos de grande drama, nos passa como está dividida entre o amor e a fama, na melhor atuação de sua carreira. Beto Sargentelli (também produtor) constrói um Clyde ao mesmo tempo sexy, simpático e muito selvagem, o amante imprudente, ousado e audaz, apaixonadíssimo por si mesmo tanto quanto por Bonnie. A força vocal exibida por Sargentelli em Vou Fazer o Inferno, quando Clyde executa seu primeiro assassinato, é simplesmente surpreendente e sublime, cheia de emoção, técnica e poder, onde Beto nos entrega um grande número, numa performance que você vai querer assistir mais de uma vez. Ao dar vida a este garoto encantador de uma pequena cidade que anseia por notoriedade, Sargentelli acrescenta mais um papel inesquecível a sua versátil galeria de personagens. Beto e Eline, parceiros também na vida real, demonstram sinergia de sobra em cena.
Claudio Lins está irreconhecível, roubando a cena, como o irmão dedicado e prognata de Clyde, Marvin "buck" Barrow, aventureiro e leal, um fora da lei preocupado com a aversão de sua esposa Blanche por seu estilo de vida, interpretada por Adriana Del Claro (também produtora), uma carola honrada e justa que desaprova o estilo de vida criminoso da gangue. Os dois fazem o alívio cômico do musical exemplarmente e aumentam o calor quando necessário, mais particularmente quando Eline e Adriana fazem o dueto Ninguém Pode Escapar.
Aline Cunha (Eleanore), Aurora Dias (Cumie Barrow), Bruna Estevam (jovem Bonnie), Davi Novaes (John), Elá Marinho (Governadora Ferguson), Lara Suleiman (Mary), Mariana Gallindo (Emma Parker), Oscar Fabião (Xerife Schmidt), Rafael de Castro (Henry Barrow), Renato Caetano (Frank Hammer) Thiago Perticarrari (Delegado Johnson) e Yudchi Taniguti (jovem Clyde) formam um elenco muito entusiasmado, de muita química, que juntando nomes já conhecidos dos musicais com novos rostos que despontam na cena teatral dificilmente poderia ser melhor selecionado. A direção musical de Thiago Gimenes, onde aproveita ao máximo o excepcional material humano que tem à disposição, só de ótimas vozes, se torna um dos pontos altos do show, onde destacamos Gui Gianetto trazendo seriedade como o Pastor, exibindo uma voz potente em suas pregações, levando a plateia ao arrebatamento de um verdadeiro culto evangélico, como nos números Deus Sempre te Liberta, no Ato I e em Feito Para Lutar, que abre o Ato II. Outro destaque é Pedro Navarro, que no papel de Ted Cass Hinton nos entrega uma atuação bem diferente da qual estamos acostumados, não caricata ou cômica, mas séria, como um policial lutando para separar seus sentimentos de seus deveres. Gentil, honesto e loucamente apaixonado por Bonnie, como demonstra no dueto com Clyde Ele Não é o Melhor Pra Você, nos dá uma interpretação cativante e encantadora.
Em Bonnie & Clyde também podemos apreciar o extenso trabalho de Rafael Oliveira (Musical em Bom Português) ao realizar a tradução do libreto e a versão brasileira das letras. Acompanho há muito tempo a sua arte, e é notável seu aprimoramento a cada empreitada, nunca partindo para soluções fáceis e sempre entregando um resultado elevado, como constatamos neste musical, onde as palavras e as canções soam com muita naturalidade na interpretação dos atores.
João Fonseca nos entrega uma direção certeira, distribuindo a cena pelo enorme galpão de 1000m2 do 033 Rooftop, tentando privilegiar toda a plateia e não só os que estão sentados às mesas mais próximas ao cenário principal, de forma que o público tem esta experiência imersiva. Para isto colabora a coreografia e direção de movimento de Keila Bueno e a cenografia de Cesar Costa, que reproduz uma oficina mecânica caindo aos pedaços, com painéis de anúncios de automóveis e outras publicidades dos anos 1930, esmaecidos pelo tempo, que conforme a trama se desenrola pode se transformar também num salão de beleza ou no refúgio dos Barrows, além de uma plataforma no meio do recinto e outro cenário mais ao fundo onde a ação também se desenvolve. O design de som de Tocko Michelazzo colabora muito para esta imersão, já que pela primeira vez neste espaço, se adotou o som ambiente 5.1, como se fosse numa sala de cinema, dando muito realismo tanto às barulhentas cenas de tiros quanto as mais calmas de floresta, fazendo com que a audiência se sinta no meio da ação. O design de luz a cargo de Paulo Cesar Medeiros recria aquele ambiente do meio-oeste americano dos anos 1930 assim como os figurinos assinados por João Pimenta. Completa esta experiência sensorial um menu temático especialmente elaborado onde são oferecidos mini hambúrgueres, batatas chips, mini hot dogs, mini donuts, milk shakes que não tive a oportunidade de provar, além de "combos lei-seca" com drinques variados.
Os admiradores do filme (não musical) de 1967 podem se surpreender ao descobrir que os elementos românticos da história estão praticamente imaculados. Enquanto o filme de Arthur Penn (1922-2010) era um retrato contundente, abordando, por exemplo, a impotência de Clyde e a brutalidade da dupla, o show é um hino a dois loucos delinquentes que só queriam ser estrelas, algo que ressoa em nossos tempos de mídias sociais, onde muitos fazem de tudo só para aparecer, lacrar e ter um like. As alusões ao par que busca a fama pela fama os tornam atuais, particularmente na cena de assalto onde são tratados como heróis populares, com as vítimas pedindo seus autógrafos sem entender adequadamente como ou por que isso acontece. "Esse mundo vai lembrar de nós", canta Clyde e diz o cartaz do espetáculo. Trazendo muita paixão, ambição e adrenalina você certamente se lembrará deles: Bonnie & Clyde.
SERVIÇO:
"BONNIE & CLYDE"
Local: 033 Rooftop do Teatro Santander (cobertura)
Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 2041 - Vila Olímpia - São Paulo
Temporada: 10 de março a 14 de maio de 2023
Sessões: Sextas-feiras às 20hs | Sábados às 15h30 e às 20hs | Domingos às 15h30 e às 20hs.
Duração do espetáculo: 2:10 hs (com 15 minutos de intervalo)
Capacidade: 380 lugares
Setores e preços: Setor VIP R$ 250,00 | Setor 1 R$ 220,00 |Setor 2: R$ 75,00
Classificação indicativa: 16 anos
** Clientes Santander possuem 15% de desconto nas compras no bar do 033 Rooftop.
CANAIS DE VENDAS OFICIAIS
Internet (com taxa de serviço): https://www.sympla.com.br/
Bilheteria física (sem taxa de serviço):
Atendimento Presencial: Todos os dias 12h às 18h. Em dias de espetáculos, a bilheteria permanece aberta até o início da apresentação. Não é possível o parcelamento em ingressos adquiridos na bilheteria.
Autoatendimento: A bilheteria do Teatro Santander possui um totem de autoatendimento para compras de ingressos sem taxa de conveniência 24h por dia.
Formas de pagamento: Dinheiro, Cartão de débito e Cartão de crédito.
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