Regarded as one of the most popular musicals of all time, the classic My Fair Lady turns 60 and receives this month a new theatrical production signed by Director Jorge Takla. With a great cast and live orchestra, the show - based on the classic Pygmalion by George Bernard Shaw - tells the story of an aristocrat teacher, Mr. Henry Higgins, who takes up the challenge to transform the poor Eliza Doolittle, street vendor without any refinement, in a society lady. With luxurious scenery and costumes, the show will have place at the Santander Theatre, in Sao Paulo, between August 27 and November 6, 2016.
Pergunte a qualquer fã aficionado de teatro musical quais seriam os melhores musicais de todos os tempos e quatro shows surgirão de novo e de novo: Follies, Gypsy, Um Violinista no Telhado e My Fair Lady. Todos são indiscutivelmente excelentes, e cada um tem seu ponto forte em particular. Follies é um tributo em várias camadas ao show business do passado assim como um exame das psiques de seus personagens. Gypsy é uma combinação perfeita de história e canção construindo-se até a explosão psicológica de "Rose's Turn". Violinista é uma obra despudoradamente emocional celebrando o indômito espírito humano e o delicado balanço entre honrar a própria tradição e desenvolver-se socialmente.
My Fair Lady é um musical tradicional feito com o melhor do bom gosto e com uma técnica extrema que captura a sofisticação, inteligência, perspicácia e intelecto da peça Pigmaleão, de George Bernard Shaw. Chega a ser extraordinário que dois judeus, um austríaco (Frederick Loewe) e um americano (Alan Jay Lerner) pudessem capturar a ironia e o auto centrismo da classe alta inglesa assim como os maneirismos cockney (habitantes de uma região no East End de Londres) da classe baixa. O trabalho da dupla na adaptação foi tão esplêndido que os críticos têm-se inclinado a perdoar os erros gramaticais de Lerner nas letras. (Um exemplo entre vários: "I'd be equally as willing for a dentist to be drilling than to ever let a woman in my life".)
Mas o caminho para se produzir My Fair Lady não foi dos mais fáceis. "Eu terminantemente proíbo qualquer ultraje do gênero", vociferou George Bernard Shaw, quando um diretor amador propôs fazer uma versão musical de Pigmaleão. Mas em 1956, seis anos após a morte de Shaw, estreou na Broadway uma adaptação musical que ele poderia ter perdoado. Foi o mais influente musical dos anos 1950 e uma das produções mais distintas de todos os tempos, que só se tornou possível graças aos esforços do produtor de cinema húngaro Gabriel Pascal, que devotou os dois últimos anos de sua vida a pedir que escritores adaptassem a peça de Shaw num musical. Após ser rejeitado por Rodgers & Hammerstein (A Noviça Rebelde, O Rei e Eu, South Pacific) e Nöel Coward (Bitter Sweet, Vidas Privadas, Uma Mulher do Outro Mundo), Pascal teve o comprometimento de Alan Jay Lerner & Frederick Loewe (Brigadoon, Camelot, Gigi), uma vez que eles decidiram por usar a maior parte do diálogo original de Shaw e expandir a ação incluindo cenas na Tottenham Court Road, nas corridas de Ascot e no Baile da Embaixada. Eles também foram escrupulosos ao manter o sabor shawiano nas canções, mais aparentemente em tais peças como "Why Can't the English?", "Show Me", "Get Me to the Church on Time" e "Without You".
O texto de Lerner preservou boa parte da crítica social embutida na comédia de Shaw que acreditava que as barreiras cairiam se todos os ingleses pudessem aprender a falar sua língua propriamente e fosse transmitida através da história de Eliza Doolittle, uma maltrapilha vendedora de flores cockney batalhando por alguns trocados em Convent Garden, até ser escolhida pelo professor Henry Higgins para uma experiência em linguística e a ajudando na qualificação para um emprego numa floricultura. Higgins aposta com seu amigo, o Coronel Pickering, que ele pode transformar Eliza numa verdadeira dama e, de fato, fazer com que ela passe como uma princesa. Eliza vai morar com Higgins e é submetida a um treinamento rigoroso e impessoal. Após uma falsa largada nas Corridas de Ascot, Eliza passa pelo teste no Baile da Embaixada com louvor tão bem-sucedida que supera a posição social e, num desfecho acrescentado por Lerner, ainda tem o misógino foneticista, um solteirão convicto, apaixonado por ela.
Rex Harrison (que fez Higgins), Julie Andrews (que ganhou o papel de Eliza após a desistência de Mary Martin) e Stanley Holloway (como o pai fanfarrão, Alfred P. Doolittle) se tornaram para sempre identificados com seus papeis em My Fair Lady, que por mais de nove anos foi o musical de mais longa duração da história da Broadway, com 2.717 representações, e ganhou os Prêmios Tony de melhor musical, musica & letras, libreto, direção (Moss Hart), coreografia (Hanya Holm), cenário, figurino, ator-coadjuvante (Holloway), e ator para Rex Harisson. Só Julie Andrews ficou de fora. Em 1993 houve um dos revivals da peça estrelado por Richard Chamberlain. Em 1987 foi feita uma gravação em estúdio do musical com um elenco dos sonhos: a soprano operística Dame Kiri Te Kanawa (Eliza), Jeremy Irons (Higgins), Sir John Gielgud (Pickering), Jerry Hadley (Freddy), Warren Mitchel (Alfie Doolittle) e a London Symphony Orchestra liderada por John Mauceri.
A versão para o cinema foi às telas em 1964, tendo os mesmos Harrison e Holloway repetindo os seus papeis, e Julie Andrews sendo substituída por Audrey Hepburn... E fizeram mal: naquele mesmo ano Julie ganharia o Oscar por Mary Poppins, e Audrey nem sequer fora indicada. Mesmo assim o filme foi agraciado com os Oscars de melhor filme, direção (George Cukor), ator (Harrison), fotografia, direção de arte, som, música, figurino, e teve o título de My Fair Lady - Minha Bela Dama, no Brasil.
Minha Bela Dama também foi o título da primeira montagem teatral de My Fair Lady no Brasil, em 1962, tendo no elenco Bibi Ferreira, Paulo Autran e Jayme Costa. Com produção e versão para o português do grande Victor Berbara se mostrou, pela primeira vez, ao público brasileiro, como era um musical da Broadway. Como curiosidade uma jovem Marília Pêra, em início de carreira, fazia parte do coro. Foi um grande sucesso na época permanecendo por três anos em cartaz, em teatros do Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. (clique aqui e ouça Bibi Ferreira cantando "Eu Dançaria Assim" (I Could Have Danced All Night).
Em março de 2007 estreou a segunda montagem de My Fair Lady no País, com direção de Jorge Takla, tendo nos papeis principais Daniel Boaventura (Higgins), Amanda Acosta (Eliza), Francarlos Reis (Alfred Doolittle) e Tadeu Aguiar (Coronel Pickering).
Com uma montagem totalmente nova Jorge Takla, quase dez anos depois, retorna a este que é considerado, a realização suprema do teatro musical norte-americano. Numa direção primorosa ele cumpre a empreitada de se suplantar, trazendo toda a classe e elegância que caracterizam suas produções. Takla soube se cercar de alguns dos melhores profissionais tanto na área criativa quanto artística e usa de todas as suas habilidades como encenador para se tornar a principal força criativa na produção de My Fair Lady.
A gente pode praticamente testemunhar o entusiasmo e excitação de todos atores envolvidos nesta montagem. Eu que tive a oportunidade de acompanhar a carreira do barítono Paulo Szot seja nas óperas do início de sua carreira aqui em São Paulo, ou em Nova York, onde tive o privilégio de assistir sua atuação premiada com um Tony em South Pacific, tem aqui o grande momento de sua carreira como Higgins, onde seu prazer neste papel é tão evidente que faz de um personagem arrogante, dominador e autoritário, simpático (aqui cantando "Me Acostumei ao Rosto Dela - I've Grown Accustomed to Her Face").
A novata em musicais, a soprano goiana Daniele Nastri é uma graça como Eliza, e está igualmente eficaz como a garota grasnante das ruas e depois a grande dama que atinge tons encorpados, claros e ressonantes. Ela brilha em momentos como "Agora Eu Vou Dançar" (I Could Have Danced All Night), "Faça" (Show Me) e "Bão Demais" (Wouldn't It Be Loverly?)".
Sandro Christopher como o pai de Eliza, Alfred Doolittle, nos oferece o alívio cômico do musical. Quando o show começa a ficar um pouco pesado, nós temos um production number, a divertida "Vou Me Casar de Manhãzinha" (Get Me to the Church on Time), numa coreografia muito alegre e criativa de Tânia Nardini, um deleite, onde forçado pelas circunstâncias ele tem que mostrar respeitabilidade, e constata que deve se casar com a sua amante de longa data e se juntar à classe média. Neste número e em "Um Pouquinho Assim de Sorte" (With a Little Bit of Luck) Sandro lidera o ensemble magistralmente roubando a cena. O coro, aliás, é um dos pontos altos da montagem, um dos melhores já reunidos nas recentes produções musicais, tanto na parte musical quanto nas coreografias.
Eduardo Amir está simpático como o Cel. Pickering, e Fred Silveira desenvolve um ótimo trabalho como Freddy Eynsford- Hill ao cantar a música que acabou se tornando um grande sucesso também fora do show "Na Rua Onde Mora Você" (On The Street Where You Live), repetindo o mesmo papel da montagem anterior.
O absurdo de ser tomada por alguma coisa que não se é, começando a afetar a autoestima de Eliza, ao ir mudando seu modo de falar para algo mais refinado é expresso na ótima versão para o português de Claudio Botelho, onde ele capta perfeitamente os sentimentos dos personagens tão habilmente desenvolvidos por Lerner & Loewe. O mesmo pode-se dizer das orquestrações do diretor musical e maestro Luis Gustavo Petri, que rearranjou a partitura original para praticamente metade dos elementos da orquestra sem comprometer o resultado final e ainda o enriquecendo. Petri conduz o score com energia e habilidade e "Atrás do Trem" (The Rain in Spain - assista aqui) como executado nesta montagem é eletrizante; e se os primeiros compassos da Abertura não fizerem seu pulso acelerar, você provavelmente já deverá estar nos sonhos que hão de vir no sono da morte, para citar o inglês Shakespeare!
Tudo isso é sustentado por cenários maravilhosos e figurinos requintados. O argentino Nicolás Boni mostra ser um designer talentoso, e sua experiência vinda de uma trajetória na ópera, é algo que lhe permitiu desenhar cenários que realmente funcionam para o musical em questão. Seu background possibilitou que os cerca de dez cenários diferentes façam com que as cenas tenham uma troca rápida fazendo com que o show permaneça ininterrupto. Para esta fluidez uma solução encontrada foi um gigantesco cenário ocupando todo o proscênio imitando um jornal inglês do início do século XX reproduzindo notícias da época, dentre elas uma crítica da estreia de Pigmaleão, outra sobre as corridas de cavalos em Ascot, a entrada da Inglaterra na I Guerra Mundial e mais uma sobre o movimento das sufragistas, preparando o público para aquilo que assistirá. Quase onipresente nas produções teatrais, Fábio Namatame como figurinista produziu aqui um de seus melhores trabalhos, o que não deixa de ser um desafio, já que foram dele os figurinos da montagem anterior e aqui conseguiu se superar fazendo algo completamente diferente. Os figurinos de época, desta vez com cores mais intensas, mais coloridas, contam a história tanto quanto os diálogos e a música, da transição de Eliza de uma florista esfarrapada a uma pseudo princesa.
E é esta conflagração de elementos, enredo, música, cenário, figurinos, direção, versão, coreografia e atuações que ajuda a fazer de My Fair Lady um musical sofisticado e imperdível.
Não deixe de assistir... É bão demais!
FICHA TÉCNICA
My Fair Lady
Uma produção Jorge Takla, Stephanie Mayorkis e IMM
Baseado no clássico Pigmalião, de George Bernard Shaw
Músicas: Frederick Loewe
Texto e Letras: Alan Jay Lerner
Versão Brasileira: Cláudio Botelho
Direção Geral: Jorge Takla
Direção associada e Coreografia: Tânia Nardini
Direção Musical: Luis Gustavo Petri
Cenário: Nicolás Boni
Figurino: Fábio Namatame
Design de Luz: Ney Bonfante
Design de Som: Tocko Mickelazzo
Visagismo: Duda Molinos
Perucas: Feliciano San Roman
Produtora e diretora da divisão de teatro da IMM: Stephanie Mayorkis
Elenco: Paulo Szot (Prof Higgins), Daniele Nastri (Eliza Doolittle), Sandro Christopher (Alfred Doolittle), Eduardo Amir (Cel. Pickering), Frederico Silveira (Freddy Eynsford- Hill), Eliete Cigaarini (Sra. Higgins), Daniela Cury (Sra. Pearce), Ana Luiza Ferreira (ensemble feminino), Ana Paula Villar (ensemble feminino), Carol Costa (ensemble feminino), Claire Nativel (ensemble feminino), Debora Dib (ensemble feminino), Gisele Jesus (ensemble feminino), Janaina Bianchi (ensemble feminino), Luana Zenun (ensemble feminino), Maria Isabel Nobre (ensemble feminino), Talitha Pereira (ensemble feminino), Cadu Batanero (ensemble masculino), Cayo Caesar (ensemble masculino), Daniel Cabral (ensemble masculino), Diego Luri (ensemble masculino), Elton Towersey (ensemble masculino), Felipe Tavolaro (ensemble masculino), Fernando Cursino (ensemble masculino), Paulo Grossi (ensemble masculino), Marcio Louzada (ensemble masculino), Rafael Villar (ensemble masculino), Mariana Barros (swing feminino), Thiago Jansen (swing masculino/dance capitan)
*o elenco deste espetáculo poderá sofrer alterações sem aviso prévio
My fair Lady é uma produção Takla Produções, EGG Entretenimento e IMM Esporte e Entretenimento
Apresentação: Ministério da Cultura, Mercado Livre e Mercado Pago
Patrocínio: Renner e Zurich Santander Seguros
Apoio: Estácio e Colgate
INSTAGRAM: myfairladybrasil
FACEBOOK: facebook.com/myfairladybrasil
SERVIÇO
Ministério da Cultura, Mercado Livre e Mercado Pago apresentam:
My Fair Lady
Estreia: 27 de agosto
Temporada: até 6 de novembro de 2016
Local: Teatro Santander
Endereço: Complexo do Shopping JK - Av. Juscelino Kubitschek, 2041 - Itaim Bibi - SP
Horários:
Quinta, às 21h
Sexta, às 21h
Sábado, às 17h e 21h
Domingo, às 16h e 20h
Ingressos:
Quintas
Frisas balcão: R$ 50,00
Balcão B: R$ 50,00
Balcão A: R$ 120,00
Frisas plateia superior: R$ 140,00
Plateia superior: R$ 180,00
Plateia VIP: R$ 240,00
Sextas, sábados e domingos
Frisas balcão: R$ 50,00
Balcão B: R$ 50,00
Balcão A: R$ 140,00
Frisas plateia superior: R$ 160,00
Plateia superior: R$ 200,00
Plateia VIP: R$ 260,00
Vendas:
Ingresso Rápido (www.ingressorapido.com.br), Entretix (www.entretix.com.br) ou pelo telefone (11) 4003-1022
Bilheteria do teatro - horário de funcionamento: domingo a quinta, das 12h às 20h ou até o início do espetáculo / sexta e sábado, das 12h às 22h)
Classificação Etária: livre (menores de 12 anos acompanhados dos pais ou responsáveis)
Duração: 2h30 em 2 atos, com 15 minutos de intervalo
Capacidade: 1.081 lugares
Videos