By Claudio Erlichman. Now on stage at the Teatro Renault, the production stars Marisa Orth and Daniel Boaventura.
The family that captivated the hearts of thousands of viewers in Brazil and around the world is back! After a break due to the pandemic, T4F reopens the Teatro Renault stage again to welcome the eccentric, scary and funny characters that enchant generations.
The Addams Family is a musical comedy with lyrics and music by Andrew Lippa, written by Marshall Brickman and Rick Elice. The show is based on the characters created by Charles Addams (1912-1988) who in his drawings portrayed a strange American family with an affinity for macabre things.
In the main roles Marisa Orth as Morticia and Daniel Boaventura as Gomez Addams, share the cast with famous names in musical theater like Kiara Sasso (Alice Beineke), Liane Maya (Grandma) and Fred Silveira (Mal Beineke).
Os criadores de A Família Addams buscaram inicialmente focar o musical homônimo tendo como inspiração os desenhos surreais de Charles Addams (1912-1988) - e, segundo consta, baseados em sua própria família, para a cultuada revista The New Yorker em vez da sitcom televisiva dos anos 1960, mais acessível. Entretanto, quando finalmente terminaram o texto, foi a sitcom que prevaleceu no show da Broadway, com direito à contagiante canção tema de quatro acordes e dois estalos de dedos, de Vic Mizzy. Assim como no seriado da tevê, a versão da Broadway era um goulash, ou um picadinho se preferirem, de piadas mórbidas e sentimentalismo descarado concernente à excêntrica família. A matriarca Morticia tem medo de envelhecer, a adolescente Wandinha (Wednesday) está preocupada porque Lucas, seu novo e "normal" namorado é muito diferente dela (uma união perversa do tipo Montéquio / Capuleto) e o braquicefálico Tio Fester se apaixonou pela Lua. Quando o show termina, tudo acaba de forma simpática e bem arranjada: Gomez e Morticia estão dançando seu tango novamente, Wandinha e Lucas vão se casar e Tio Fester se lança em direção ao céu a bordo de um zepelim (originalmente era com um foguete amarrado nas suas costas).
A história não tinha nada de novo, relembrando quase todos os episódios da versão para a tevê, que muitas vezes descrevia um encontro dos membros do clã Addams com cidadãos da sociedade "real". O enredo de Marshall Brickman e Rick Elice é fácil, acessível e despretensioso: Wandinha, a filha mais velha dos Addams agora é uma aborrecente e morre de amores por Lucas. Ela quer trazer a família dele para conhecer seus pais num jantar. Sabendo das estranhezas e bizarrices da sua família, no melhor estilo A Gaiola das Loucas (La Cage aux Folles), ela pede aos pais que pareçam ser o mais normal possível, o que claro gerará situações hilárias. Apesar da família de Lucas aparentar ser uma típica família de classe-média norte-americana, no fundo também trazem singularidades e esquisitices bem próprias que logo se manifestarão, e nos fará meditar a Erasmo de Roterdã: o que é e o que não é normal?
Uma partitura banal de Andrew Lippa parecia ser o prego no caixão da produção original da Broadway. Lippa tentou compor um score onde cada canção combinasse com a personalidade de cada personagem. Assim para Gomez foi dado algo espanhol no estilo flamenco, para Wandinha canções mais contemporâneas, e para o Tio Fester um pegada mais para o vaudevilesco. Más de alguma forma, o show foi um sucesso, apesar das críticas negativas, sendo encenado para plateias lotadas por quase dois anos. Isto devido em parte à presença de duas grandes estrelas da Broadway como Nathan Lane e Bebe Neuwrith, à nostalgia do seriado e seus personagens, um texto que agradou tanto crianças quanto adultos - apesar de ter sido descrito pela própria The New Yorker como "uma ilustração sem fim das evidentes características patológicas de uma família" -, e uma campanha de marketing eficiente.
Esta mesma fórmula foi repetida para a versão brasileira do show, que estreou em São Paulo, no então Teatro Abril no início de março de 2012. E o que se seguiu foi um grande sucesso nos comentários gerais, com Marisa Orth e Daniel Boaventura ideais nos papeis dos bizarros Morticia e Gomez, e uma versão das músicas para o português divertidíssima nas mãos de Claudio Botelho, tornando os Addams quase uma "família brasileira".
A versão que veio para cá foi aquela que sofreu algumas mudanças quando o musical saiu da Broadway para excursionar pelos Estados Unidos. Assim tivemos um novo conflito no enredo central da trama, músicas novas ou revisadas ou reordenadas substituindo algumas antigas, novas orquestrações e mais números de danças, dando mais ação à história.
Agora, dez anos depois, e com o mesmo casal de protagonistas, a T4F nos oferece uma remontagem desta versão de A Família Addams, no mesmo teatro que agora atende por Teatro Renault.
Com uma direção cheia de ritmo e muito espirituosa do italiano Federico Bellone, também responsável pelos cenários fantásticos e inventivos, temos o palacete gótico dos Addams reproduzido inteiramente no palco onde suas paredes se abrem em forma de pop-up revelando os vários ambientes da mansão bolorenta com riquíssimos detalhes e repleta de objetos estranhos, tais quais uma mão desmembrada, que mora numa caixa preta, saindo para jogar xadrez, assustar os outros ou simplesmente reger a orquestra!
Os figurinos caprichados de Fábio Namatame, principalmente os dos antepassados defuntos, e ótimo design de luz de Valério Tiberi contribuem para um show cheio de fantasia e magia. Temos ainda um destaque para a cortina de cena que tem seu momento no show, dando o tom de autoparódia e humor camp que nos aguardará nas próximas duas horas e meia de espetáculo. Outro destaque também vai para a imaginativa orquestração dividida entre Thiago Rodrigues (direção musical) e Miguel Briamonte (supervisão musical), e coreografia de Marta Melchiorre prestando homenagem a vários musicais e coreógrafos consagrados da Broadway como Bob Fosse em Chicago e seu truc de plumes, Jerome Robbins em West Side Story (que também tem um célebre estalar de dedos), Grease, Les Misérables, etc... A Noviça Rebelde, O Fantasma da Ópera, A Pequena Loja dos Horrores (reparem na planta carnívora!), Cats, Hair, A Bela e a Fera, também são citados sendo que a cereja do bolo, ou a pá de cal, como diriam os Addams, é reservada para a star entrance de Marisa Orth ao som de Sunset Boulevard¸ em autorreferência, para o deleite dos fãs de musicais!
Tive a oportunidade de conferir o show em três sessões diferentes e o que muito me impressionou é a forma com a qual a plateia abraça o musical. Numa matinê de sábado, por exemplo, uma plateia formada por muitas crianças e ONGs, público bem difícil, diga-se de passagem, havia uma genuína vibração e encanto, por pessoas de várias idades e camadas sociais. Talvez o que colabore para tanto é que se por um lado A Família Addams pode ser considerada politicamente incorreta para parâmetros norte-americanos, pode se mostrar um arquétipo bem razoável e bem-humorado para os padrões brasileiros. O amor caliente entre Gomez e Mortícia é de uma latinidade inquestionável, que tem tudo para satisfazer o público brasileiro e certamente está aí o repetido sucesso dez anos depois, com sessões lotadas.
O elenco do musical é assustadoramente bem escolhido. Daniel Boaventura que ultimamente se especializou em personagens histriônicos como Gaston de A Bela e Fera, ou mais recentemente como o Capitão Gancho, em Peter Pan, está muito confortável fazendo um adorável e canastrão Gomez, com muito domínio de cena e cumplicidade com o público que ora nos faz morrer de rir, ora nos emociona em especial no número Feliz ou Triste (Happy/Sad), uma balada enternecedora que lembra Stephen Sondheim (1930-2021). Marisa Orth de uma comicidade inesgotável se mostra uma grande entertainer e tem em Morticia praticamente um alter ego. Muitas vezes não se distingue onde é a atriz ou a personagem, sobretudo quando em um momento animadíssimo quebra a quarta parede para um número de plateia, onde ela improvisa com o público e que bem poderia durar horas. Marisa tem seu grande momento no número Morte Ali na Esquina (Just Around the Corner), um production number arrebatador que leva a plateia à loucura! Outro grande momento é o número Jogo da Verdade (Full Disclosure). Aqui tive oportunidade de assistir tanto com Kiara Sasso quanto com sua cover Vânia Canto, que dão vida a Alice Beineke, a típica mãe da classe média interiorana dos Estados Unidos, que de bela, recatada e do lar, após tomar uma poção mágica, ensandece e extravasa tudo aquilo que mantinha reprimido dentro de si, levando a plateia ao delírio. As duas mostram um preparo vocal e timing para a comédia incríveis, e numa das sessões que assisti, Vânia Canto, foi aplaudida três vezes em cena aberta. Esperando (Waiting), número incidental dentro de Jogo da Verdade, é definitivamente o showstopper da produção.
Fred Silveira, que faz do seu Mal Beineke um clássico pai ausente, parecendo ter saído de uma sitcom dos anos 1960, está ótimo trazendo muita verdade ao seu personagem, o único realista da trama. Destaque também vai para as deliciosas atuações de Liane Maya, como a Vovó doidivanas e bicho-grilo, e Bernardo Berro, trazendo momentos agridoces no papel de Tio Fester, no número A Lua e Eu (The Moon and Me). Muito promissora Pamela Rossini e sua potente voz como Wandinha, é um show à parte, e Dante Paccola (Lucas Beineke) é de uma comicidade nata em cena. Como o caçula Feioso Addams, revezam-se no papel os fofos Rodrigo Spinosa e Raphael Souza, dois jovens talentos, principalmente no número Ai de Mim (What If). Finalmente temos Tiago Kaltenbacher, como o tartamudo mordomo Tropeço, de mais de dois metros de altura, um Frankenstein ressuscitado que arranca gargalhadas com seus grunhidos e expressões faciais nos guardando uma surpresa final. Coroam o elenco nomes reconhecidos do teatro musical como Jana Amorim, Matheus Paiva, a já citada Vânia Canto, Daniel Cabral, Felipe Carvalhido e Keila Bueno, dentre outros, como ensemble ou swings.
Todos estes fatores: produção caprichadíssima, referências aos musicais, direção acertada e cenários que são um deslumbre (Federico Bellone), divertidíssima versão brasileira (Claudio Botelho), coreografias surpreendentes (Marta Melchiorre), figurinos impecáveis (Fábio Namatame), um elenco irrepreensível sustentado por um ensemble e swings com o que há de melhor, explicam o porquê de A Família Addams fazer um merecido sucesso no Brasil. Sem dúvida nenhuma, uma noite ou matinê com os Addams é garantia de bom entretenimento.
A FAMÍLIA ADDAMS
ELENCO PRINCIPAL
Morticia Addams - Marisa Orth
Gomez Addams - Daniel Boaventura
Alice Beineke - Kiara Sasso
Mal Beineke - Fred Silveira
Vovó - Liane Maya
Wandinha - Pamela Rossini
Lucas Beineke - Dante Paccola
Fester - Bernardo Berro
Feioso - Raphael Souza
Feioso - Rodrigo Spinosa
Tropeço - Tiago Kaltenbacher
ENSEMBLE FEMININO
Jana Amorim
Anna Preto
Lara Suleiman
Vânia Canto
ENSEMBLE MASCULINO
Daniel Cabral
Wagner Lima
Marcelo Ferrari
Felipe Carvalhido
SWING
Swing Feminino - Marília Nunes
Swing Feminino - Keila Bueno
Swing Masculino - Matheus Paiva
Swing Masculino - Vicente Oliveira
Serviço
Local: Teatro Renault - Av. Brigadeiro Luís Antônio, 411 - Bela Vista, São Paulo - SP
Sessões: quintas e sextas, às 21h. Sábados, às 16h e 21h, e Domingos, às 15h e 20h.
Capacidade: 1.570 lugares.
Assentos: O teatro conta com 53 assentos para pessoas com deficiência. São 37 lugares para pessoas com deficiência e 16 para pessoas obesas.
Classificação etária indicativa: Livre. Menores de 12 anos: permitida a entrada acompanhados dos pais ou responsáveis legais.
Estacionamento: O teatro não possui estacionamento próprio.
Ingressos: a partir de R$ 25,00 (meia entrada)
Temporada: a partir de 10 de março
Tabelas de preços de A FAMÍLIA ADDAMS de março a julho de 2022:
Quintas, às 21h e Domingos, às 20h |
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SETOR |
MEIA-ENTRADA |
INTEIRA |
BALCÃO ECONOMY |
R$ 37,50 |
R$ 75,00 |
BALCÃO PREMIUM |
R$ 75,00 |
R$ 150,00 |
BALCÃO VIP |
R$ 85,00 |
R$ 170,00 |
PLATEIA SILVER |
R$ 95,00 |
R$ 190,00 |
PLATEIA GOLD |
R$ 115,00 |
R$ 230,00 |
PLATEIA PREMIUM |
R$ 125,00 |
R$ 250,00 |
CAMAROTE |
R$ 125,00 |
R$ 250,00 |
PLATEIA VIP |
R$ 140,00 |
R$ 280,00 |
Sextas, às 21h, Sábados, às 16h e 21h e Domingos, às 15h |
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SETOR |
MEIA-ENTRADA |
INTEIRA |
BALCÃO ECONOMY |
R$ 52,50 |
R$ 105,00 |
BALCÃO PREMIUM |
R$ 90,00 |
R$ 180,00 |
BALCÃO VIP |
R$ 102,00 |
R$ 204,00 |
PLATEIA SILVER |
R$ 119,00 |
R$ 238,00 |
PLATEIA GOLD |
R$ 144,00 |
R$ 288,00 |
PLATEIA PREMIUM |
R$ 156,50 |
R$ 313,00 |
CAMAROTE |
R$ 156,50 |
R$ 313,00 |
PLATEIA VIP |
R$ 175,00 |
R$ 350,00 |
- Meia-entrada: obrigatória a apresentação do documento previsto em lei que comprove a condição de beneficiário.
BILHETERIA OFICIAL - SEM TAXA DE CONVENIÊNCIA
Teatro Renault - Segundas-feiras: Fechada / Terça a domingo, das 12h às 20h (Av. Brigadeiro Luís Antônio, 411 - Bela Vista)
LOCAIS DE VENDA - COM TAXA DE CONVENIÊNCIA
Pela Internet: www.ticketsforfun.com.br
Retirada na bilheteria e E-ticket - taxas de conveniência e de entrega.
Formas de Pagamento: dinheiro, cartões de crédito American Express®, Visa, MasterCard, MasterCard débito, Diners e cartões de débito Visa Electron.
Venda a grupos: grupos@t4f.com.br
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