In his first musical version since it was written in 1960, Nelson Rodrigues' classic work performs short season at SESC Vila Mariana. The show has songs by Claudio Lins, direction by João Fonseca, and musical direction by Délia Fischer.
Praça da Bandeira, Rio de Janeiro, one afternoon in the early 60's. A man on the sidewalk loses his equilibrium and falls in front of a bus, which throws him away. The first person to help him is Arandir. As he bends over the dying man, he asks for one last wish: a kiss. Arandir kisses him. And then the boy dies.
The episode is witnessed by Aprígio, Arandir's father-in-law and the journalist Amado Ribeiro. The astute police reporter from Última Hora newspaper envisages in the event the possibility of stamping on the front page of the following day a story of bombastic headline: THE KISS IN THE ASPHALT. In order to do so, he persuades Cunha to help him with coercion of witnesses and proof of facts that have little to do with reality. What matters is selling a newspaper.
And so, the subsequent days become a hell in the life of the quiet Arandir, a young banker newly married to the dreamy Selminha. Boyfriends since childhood, the two still live with Selminha's younger sister, Dahlia, and are always visited by the girls' father, Apprígio. They lead a warm and happy life for a family from the Rio suburbs.
But from the cover story in the Última Hora, the masculinity of Arandir is publicly tested. The facts are confused with a convoluted fiction and Arandir begins to suffer with the moral slander that comes from all sides - the press, the police, the neighborhood, the work colleagues. Until he got to the point where his own family
began to believe in the newspaper more than in him.
Incensado com o título de maior dramaturgo brasileiro, Nelson Rodrigues é também considerado um dos pais do teatro moderno, o homem que elevou a arte teatral a uma categoria superior e que revolucionou essa arte, quando seu Vestido de Noiva chegou aos palcos. Dono de um olhar profundo sobre a fragilidade da natureza humana, Nelson legou à posteridade uma série de clássicos, dos quais O Beijo no Asfalto é, sem dúvida, um dos maiores destaques. Lançado em 1960, o texto foi adaptado dezenas de vezes para o teatro e em três versões cinematográficas. Ao completar 55 anos, ele volta aos palcos em sua primeira versão musical.
A remontagem teve sua primeira temporada em Outubro de 2015 no Teatro SESC Ginástico, no Rio de Janeiro, curiosamente onde o texto foi apresentado pela primeira vez nos palcos, em 1961. Para criar as canções, o ator e compositor Claudio Lins mergulhou durante quatro anos em uma extensa pesquisa sobre a sonoridade musical dos anos 50 e 60, período em que se passa a trama, buscando um resultado que soasse vintage ao lembrar as marchinhas e samba-canções da época, mas sem perder a contemporaneidade harmônica e melódica conquistada pela música brasileira pós-bossa nova. O resultado foi cerca de 20 canções, 15 das quais deverão estar no palco - executadas por uma banda ao vivo, mas eventualmente usando bases pré-gravadas e samplers, que ao mesmo tempo modernizam a sonoridade e lembram o som dos rádios nos anos 60.
"Não foi um trabalho fácil, foi um tanto de inspiração e um muito de transpiração" afirma Claudio, que garante que durante todo esse tempo jogou fora diversas canções que, depois de prontas, não se adequavam ao tema. Cauby Peixoto, Tito Madi, Vicente Celestino (um dos favoritos de Nelson), Orlando Dias, Roberto Silva, Nelson Gonçalves, Anísio Silva, todos eles foram fonte de inspiração. "Especialmente Dolores Duran, cujo universo se encaixa perfeitamente com as personagens de Nelson. A Bossa Nova estava nascendo, mas definitivamente ela não representa as personagens rodrigueanas, que geralmente são suburbanas e simples.", completa. As novas músicas, aliás, serão intercaladas com trechos de algumas canções de época,cujas sonoridades ou temas são semelhantes, numa espécie de mash up.
A ideia de transformar Nelson em um espetáculo musical surgiu em 2009 durante a temporada de Gota D'Água, outro texto emblemático dos palcos brasileiros, que tinha direção de João Fonseca e a presença de Claudio no elenco. "Eu tinha visto a montagem de O Casamento, também do Nelson, dirigida pelo João, e comentei com ele que, como ator, tinha o sonho de montar um espetáculo do Nelson. E aí ele sugeriu fazermos um musical. Minha primeira reação foi de dúvida, mas depois de algumas conversas eu já estava levantando a produção", lembra Claudio.
Um especialista em Nelson Rodrigues, de quem já montou quatro espetáculos e que considera seu autor favorito, João Fonseca afirma que essa montagem do "Beijo" traz uma nova luz, uma cara nova ao texto. "O Beijo é muito marcante, já foi muito visto, por isso precisa de um diferencial. É um clássico, mas agora vamos contar a história de uma outra forma, subverter. E isso não é estranho, porque o Nelson tem uma musicalidade muito marcante, que é específica dele. Vamos pegar um texto que já é muito bom, que é redondo, e acrescentar, criar uma nova versão. Acho muito bom fazer algo assim bem pessoal, marcante. O Nelson é exagerado mas é também engraçado, não deve ser feito como uma novela das 8".
Produzida por Claudio Lins e Ana Beatriz Figueras, a turnê de O Beijo no Asfalto - O Musical tem no elenco Claudio Lins no papel de Arandir, Thainá Gallo como Selminha, Luca de Castro, como Aprígio, Juliana Marins, como Dália, Claudio Tovar no papel do Delegado Cunha e Ruben Gabira interpretando o jornalista Amado Ribeiro. Completam o elenco Jorge Maya, Janaina Azevedo, Ricardo Souzedo, Gabriel Stauffer, Pablo Áscoli, Beth Lamas, Philipe Carneiro, Marcéu Pierrotti e Marina Mota. Na ficha técnica, além de João Fonseca e Délia Fischer, estão Nello Marrese que assina os cenários; Luiz Paulo Nenén, a Iluminação; Claudio Tovar, os figurinos; e Sueli Guerra na Direção de Movimento.
O Beijo - Sinopse
Praça da Bandeira, Rio de Janeiro, uma tarde no início da década de 60. Um homem na calçada perde o equilíbrio e cai na frente de uma lotação, que o atira longe. A primeira pessoa a socorrê-lo é Arandir. Ao se debruçar sobre o moribundo, este pede um último desejo: um beijo. Arandir o beija. E logo depois o rapaz morre.
O episódio é presenciado por Aprígio, sogro de Arandir e pelo jornalista Amado Ribeiro. O astuto repórter policial do jornal Última Hora vislumbra no acontecimento a possibilidade de estampar na primeira página do dia seguinte uma história de manchete bombástica: O BEIJO NO ASFALTO. Para isso, convence o delegado Cunha a ajudá-lo na coação de testemunhas e na comprovação de fatos que pouco terão a ver com a realidade. O que importa é vender jornal.
E assim, os dias subsequentes se tornam um inferno na vida do pacato Arandir, um jovem bancário recém-casado com a sonhadora Selminha. Namorados desde a infância, os dois moram ainda com a irmã mais nova de Selminha, Dália, e recebem sempre a visita do pai das meninas, Aprígio. Levam uma vida morna e feliz de uma família de subúrbio carioca.
Mas a partir da reportagem de capa no Última Hora, a masculinidade de Arandir é posta a prova publicamente. Os fatos se confundem com uma ficção rocambolesca e Arandir passa a sofrer com a maledicência moral que vem de todos os lados - da imprensa, da polícia, da vizinhança, dos colegas de trabalho. Até chegar ao ponto da própria família passar a acreditar mais no jornal do que nele.
A Peça
A peça O Beijo no Asfalto foi escrita em 1960, por um autor maduro. Nelson Rodrigues tinha 47 anos e era seu 13° texto teatral. Além do mais, há cerca de uma década escrevia diariamente a coluna A Vida Como Ela É no jornal Última Hora, experiência enriquecedora na construção de tramas e personagens. Seu domínio era tanto que, segundo ele próprio, demorou apenas 21 dias para escrever a peça. Era uma encomenda feita pela atriz Fernanda Montenegro para sua companhia, a Sociedade Teatro dos Sete. A peça estreou no dia 07 de julho de 1961, com direção de Fernando Torres e cenários de Gianni Rato. No elenco, além de Fernanda, estavam Oswaldo Loureiro, Sérgio Britto, Mario Lago, Ítalo Rossi, Francisco Cuoco e Suely Franco, entre outros.
Desde então a peça teve inúmeras montagens e duas adaptações para o cinema. A primeira em 1963, com direção de Flávio Tambellini, tinha Reginaldo Farias, Norma Blum, Xandó Batista e Jorge Dória nos papeis principais. A segunda em 1981, com direção de Bruno Barreto, era estrelada por Ney Latorraca, Christiane Torloni, Tarcísio Meira, Daniel Filho e Lídia Brondi. O Beijo no Asfalto também foi adaptada para os quadrinhos, através do trabalho de Arnaldo Branco e Gabriel Góes.
Apesar dos percalços e de muita polêmica, a primeira montagem de O Beijo no Asfalto acabou se tornando o maior sucesso de Nelson Rodrigues até então. Ao todo foram sete meses em cartaz, com duas temporadas no Rio de Janeiro (Teatros Ginástico e Maison de France) e viagens pelo sul do país. O sucesso só não foi maior devido à renúncia de Jânio Quadros, quando a peça completava cerca de um mês e meio de temporada. Obviamente, o fato fez o Brasil parar por quase 10 dias, ficando à beira de uma guerra civil.
E não foi um sucesso tranquilo. Mesmo sem ter nenhum palavrão (aliás, nenhuma das peças de Nelson contém palavrões), muitos espectadores se sentiram ultrajados com a montagem. O que fez com que o próprio autor fosse para o saguão do Teatro Maison de France para interpelar os espectadores que saiam no meio do espetáculo. Quase sempre, convencendo-os a voltar.
A história de O Beijo no Asfalto é baseada em fatos reais ocorridos na época. O repórter Pereira Rego, do jornal O Globo, foi atropelado por um arrasta-sandália (espécie de ônibus antigo) e antes de morrer pediu um beijo para uma jovem que tentava socorrê-lo. A personagem do repórter policial Amado Ribeiro também existiu, e era colega de Nelson na redação do Última Hora. Aliás, Nelson gostava de colocar seus colegas como personagens de suas crônicas. Já tinha usado o próprio Amado Ribeiro como personagem no livro Asfalto Selvagem ou Engraçadinha.
FICHA TÉCNICA:
O Beijo no Asfalto - O Musical
Baseado na obra de Nelson Rodrigues
ELENCO:
Claudio Lins - Arandir
Thainá Gallo - Selminha
Luca de Castro - Aprígio
Juliana Marins - Dália
Claudio Tovar - Delegado Cunha
Ruben Gabira - Amado Ribeiro
Jorge Maya, Janaina Azevedo, Ricardo Souzedo, Gabriel Stauffer, Pablo Áscoli, Beth Lamas, Philipe Carneiro, Marcéu Pierrotti e Marina Mota.
Direção Geral: JOÃO FONSECA
Trilha Original: CLAUDIO LINS
Direção Musical: DÉLIA FISCHER
Figurinos: CLAUDIO TOVAR
Cenário: NELLO MARRESE
Iluminação: LUIZ PAULO NENÉN
Direção de Movimento: SUELI GUERRA
Direção de Produção: ANA BEATRIZ FIGUERAS
Produção Executiva: ALINA LYRA
Produção Local São Paulo: MESA 2 PRODUÇÕES ARTÍSTICAS
Desenho de Som Original: CARLOS ESTEVES
Assistente de direção: LUCAS MASSANO E PHILIPE CARNEIRO
Assistente de Figurino: THIAGO DETOFOL
Assistente de Cenografia: LORENA LIMA
Programações Eletrônicas e Arranjos Musicais: HEBERTH SOUZA
Pianista Regente e Assistente Direção Musical: EVELYNE GARCIA
Arranjos Vocais: AUGUSTO ORDINE
Preparação Vocal: JANAÍNA AZEVEDO
Idealização: CLAUDIO LINS
Realização: SEMPRE MAIS PRODUÇÕES ARTÍSTICAS
PRÊMIOS:
Prêmio Botequim Cultural = 7 prêmios / 8 indicações
vencedor melhor atriz LAILA GARIN
vencedor melhor ator CLAUDIO LINS
vencedor melhor atriz coadjuvante YASMIN GOMLEVSKY
vencedor melhor figurino CLAUDIO TOVAR
vencedor melhor direção JOÃO FONSECA
vencedor melhor direção musical DELIA FISCHER
vencedor melhor espetáculo
indicação melhor ator coadjuvante THELMO FERNANDES
Prêmio Cesgranrio = 1 prêmio / 3 indicações
indicação melhor atriz em musical - LAILA GARIN
indicação melhor ator em musical - THELMO FERNANDES
vencedor prêmio categoria especial pela adaptação da obra de Nelson Rodrigues para o teatro musical - CLAUDIO LINS
Prêmio Shell = 1 indicação
indicação categoria inovação - CLAUDIO LINS
Prêmio APTR (Ass. Produtores Teatro Rio de Janeiro) = 2 indicações
melhor música - CLAUDIO LINS
categoria especial pela adaptação da obra de nelson rodrigues para a linguagem do musical - CLAUDIO LINS
Prêmio Reverência = 1 prêmio / 6 indicações
VENCEDOR melhor atriz em musical - LAILA GARIN
indicação melhor ator coadjuvante em musical - CLAUDIO TOVAR
indicação categoria especial pela adaptação da obra de Nelson Rodrigues para o teatro musical - CLAUDIO LINS
indicação direção musical - DELIA FISCHER
indicação design de som - CARLOS ESTEVES
Indicação Melhor Espetáculo Musical
Considerado o melhor espetáculo do ano de 2015 pelo site especializado Almanaque Virtual.
Seleção Oficial: Festival de Teatro de Curitiba 2016
Seleção Oficial: FITA- Festa Internacional de Teatro de Angra 2016 (abertura)
SERVIÇO:
Teatro SESC Vila Mariana
Capacidade: 608 lugares
Endereço: Rua Pelotas, 141 - Vila Mariana
Telefone: (11) 5080-3000
Dias: de 26 a 30 de setembro de 2018
Horários: quarta a sábado às 21h, domingo às 18h
Duração: 150 minutos com intervalo
Classificação Indicativa: 14 anos
Ingresso: R$ 40,00 (inteira) l R$ 20,00 (aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e servidor de escola pública com comprovante) l R$ 12,00 (trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculados no Sesc e dependentes/Credencial Plena).
Bilheteria: Terça a sexta-feira, das 9h às 21h30; sábado, das 10h às 21h; domingo e feriado, das 10h às 18h30 (ingressos à venda em todas as unidades do Sesc).
Horário de funcionamento da Unidade: Terça a sexta, das 7h às 21h30; sábado, das 9h às 21h; e domingo e feriado, das 9h às 18h30.
Central de Atendimento (Piso Superior - Torre A): Terça a sexta-feira, das 9h às 20h30; sábado, domingo e feriado, das 10h às 18h30.
Estacionamento: R$ 5,50 a primeira hora + R$ 2,00 a hora adicional (Credencial Plena: trabalhador no comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes). R$ 12 a primeira hora + R$ 3,00 a hora adicional (outros). 200 vagas.
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