Born in Genova, Italy, Nicola Lama has been living for 10 years in Brazi with his wife and children in Rio de Janeiro. Actor, singer, director and musician, known for TV commercials and soap operas, theater and cinema, he debuted last May 22 as Guido Contini, the main character of the musical NINE - Um Musical Felliniano (Nine), with the seal of Charles Möeller & Claudio Botelho. It was in between sold out presentations at the newly opened Teatro Porto Seguro, in São Paulo, that he, with his charming and light Italian accent, gave this exclusive interview to broadwayworld.com talking about music, sweat and beer.
Nascido em Genova, Itália, Nicola Lama mora há 10 anos no Brasil com sua esposa e filhos no Rio de Janeiro. Ator, cantor, diretor e músico, conhecido de comerciais, participações em novelas, teatro e cinema, ele estreou dia 22 de maio como protagonista do musical NINE - Um Musical Felliniano, da dupla Charles Möeller & Claudio Botelho. Foi entre apresentações lotadas no recém-inaugurado Teatro Porto Seguro em São Paulo, que ele, com seu charmoso e leve sotaque italiano, concedeu esta entrevista exclusiva para o broadwayworld.com falando de musicais, suor e cerveja.
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BroadwayWorld - A Itália é um país muito musical, mas não da Broadway. Você foi influenciado pela ópera, ou alguém da sua família? Você já trabalhava com teatro ou música na Itália?
Nicola Lama - Eu fui bastante influenciado pela música clássica quando criança, mas quando desenvolvi meu próprio gosto musical comecei a escutar muita música de fora, especialmente americana, inglesa e francesa. Com o passar dos anos me aproximei do universo dos musicais americanos, mas posso dizer que fui conquistado por eles somente depois de me mudar para o Brasil.
Na Itália eu tive muitas experiências com música. Comecei desde cedo a estudar piano e quando adolescente participei de vários grupos musicais, de blues, jazz, funk, fusion... No começo apresentávamos "covers", e em seguida compondo letras e músicas. A gente apresentava em clubes e casas noturnas, e chegamos a gravar um CD. Em paralelo comecei a investir cada vez mais no teatro e quando me mudei para Paris em 2003 (onde morei 3 anos) investi 100% no teatro e deixei provisoriamente a parte de música, embora continuasse com projetos pessoais, sem banda.
BWW - Como você veio parar no Brasil?
N L - Eu sempre tive um encanto com o Brasil desde minha primeira passagem em 2002, quando vim aqui a passeio. Deu-me a ideia de um país que oferece grandes oportunidades para quem souber colhe-las. Em 2005 encarei esta mudança radical e deixei Paris para fazer uma experiência aqui, sem saber quanto tempo ficaria. E aqui estou eu dez anos depois estreando o Nine!
BWW - Você ficou conhecido logo por trabalhar em televisão e em novelas. Como aconteceu sua entrada na teve? Foi uma experiência boa? Sentiu muita diferença entre Europa e aqui, na maneira de trabalhar?
N L - O universo da TV no Brasil é um mundo muito peculiar, o próprio formato das novelas é algo muito específico do jeito de fazer televisão por aqui e demorei um tempo para entender como funciona. É uma fábrica que não para nunca, o que resulta em padrões de qualidade muito diferenciados. Nos últimos tempos percebo um desejo de oferecer produtos de alta qualidade em termos de formato, estética e dramaturgia. Depois de participar de algumas novelas como Passione, Amor à Vida, Boogie Oogie, tive a chance de participar de Rebú, minissérie dirigida por José Luis Villamarim que acaba de ganhar o Prêmio Contigo de melhor direção.
BWW - Te conheci nas audições de Um Violinista no Telhado, onde você escolheu justamente uma canção de Nine (Guido's Song). Agora, quase cinco anos depois, você está interpretando o Guido Contini (protagonista do musical Nine). Sempre foi fácil para você cantar, ao menos esse é o clichê do italiano...
N L - (risos) Cantar não é fácil só por ser italiano, inclusive eu tive que estudar tudo de novo depois de me mudar para o Brasil, não só por causa do idioma, que influencia diretamente a emissão da voz, e por consequente o timbre, mas também porque o cantor de musical tem uma qualidade própria de voz que nunca tinha estudado antes. Fonoaudiólogia, aulas de voz, de canto, tudo isso foi um grande investimento em termos de tempo e dinheiro que tive ao longo desses 10 últimos anos, sem saber ao certo se um dia iria ter este retorno de investimento.
O dia que me apresentei para Charles Möeller e Claudio Botelho (e que vc estava presente) nas audições do Violinista no Telhado quis cantar Guido's Song porque era tudo que eu desejava. Estrear este espetáculo um dia! Queria que eles pensassem em mim, nem acreditava que poderia entrar no Violinista!!! Claro, ainda não era tempo para o Nine, mas foi uma semente que deixei lá atrás e que desde então aos poucos foi germinando e cresceu até dar seus frutos!
BWW - Fale sobre Guido e como foi a sua preparação para este personagem. Viu o filme e o que acha? Seu Guido tem algo de Mastroianni ou de Daniel Day Lewis ou do próprio Fellini? Você acha que é um retrato fiel dos italianos, eles são assim?
N L - Pra começar tive que fazer aula de canto com uma professora de canto lírico, pois minha referência é o Raul Júlia. Claro, vi todos os filmes e vídeos pra me preparar. Mas há algo no filme de Bob Marshall que não compartilho, acho que ele se afastou muito da dramaturgia da peça na tentativa de recriar algo novo para o cinema. A peça é muito mais parecida com 8 e1/2 de Fellini. Que inspirou o musical, do que com o filme Nine, acho que a peça tem uma leitura muito mais interessante do universo felliniano. Todos os protagonistas do Nine são um pouco minha inspiração, primeiro entre todos Mastroianni. Amo Daniel Day Lewis! Conheço todos seus trabalhos e ele é uma referência pra mim, Eu olho pra ele como um mestre, tudo que ele faz é uma aula de interpretação. O fato é que a linguagem do cinema não pode ser usada no palco, isto, por exemplo, é muito claro com a versão da Broadway com Banderas (no revival de 2003). Ele talvez seja a referência da qual me sinto mais próximo. Certas intenções que Mastroianni dá no filme, a energia que ele tem, especialmente no que se refere ao uso da voz, no palco tem que passar por um processo de amplificação (não falo dos microfones!), não existe close, não existe aquele olhar que Mastroianni dá por de trás dos óculos escuros, é o corpo inteiro, o tempo inteiro, no palco inteiro! Acho que meu Guido tem um pouco de Fellini, em particular pensando nas charges que ele desenhava, ele tinha um senso de humor muito apurado. Meu Guido tem uma alma cômico/satírica que vem direto de Amarcord, de Casanova, de Satyricon (outros filmes de Fellini). Mas quando, especialmente no segundo ato o espetáculo vai para o dramático e até a tragédia, procuro uma interpretação mais contida, mais realista. É o momento das emoções chegarem de verdade. Cai a máscara do bufão e o Guido entra num buraco escuro, sem luz no fim do túnel.
BWW - O que você acha em ser o único ator contracenando com 14 atrizes? É muito difícil?
N L - É uma experiência que está sendo belíssima. O universo feminino é fascinante apesar de imperscrutável em certas instâncias. Elas fazem DE FATO todo o universo do Fellini, do (Guido) Contini, do Nicola, e do mundo acontecer!! Elas são generosas e acolhedoras, mas sabem muito bem mexer seus pauzinhos para conseguir o que elas querem. Eu sempre falo para o elenco feminino: eu não seria nada sem vocês.
BWW - Este é o seu 4º trabalho com a dupla Charles Möeller & Claudio Botelho. Vocês já tem algum futuro trabalho juntos em vista?
N L - Sempre estamos pensando em algo! Acho que se estabeleceu uma parceria muito legal que vai além do lado estritamente profissional. Especialmente durante o Nine tive a oportunidade de conhecer facetas dos meus diretores que ainda eram obscuras e hoje estamos numa relação de pares e de amizade muito forte. Meu respeito por eles é incomensurável, especialmente pelo comprometimento que eles têm com a qualidade artística, com a ética profissional, com o fazer artístico, muitas vezes assumindo riscos muito grandes não só financeiros. O próprio Nine não é uma escolha particularmente popular num mercado como o brasileiro, mas felizmente se associaram com as pessoas certas (Conteúdo Teatral) e com um patrocinador (Porto Seguro) que se interessou a essa proposta um tanto inusitada. É uma questão de química... de energias... De repente as coisas acontecem quando menos você espera. Isto certamente irá acontecer novamente no futuro. O Nine, mais do que qualquer coisa, é a prova pra mim, pra eles (Charles & Claudio), que a gente consegue realizar as coisas que a gente mais deseja.
BWW - Quem são seus ídolos no teatro e em particular no teatro musical?
N L - Se hoje pudesse escolher em escala mundial, diria Hugh Jackman! No Brasil tenho colegas muito talentosos que já estão no meio há muitos anos, como o Daniel Boaventura, o Jarbas Homem de Mello... Falando em mulheres, posso dizer que estou trabalhando com minhas "ídolas": Malu Rodrigues e Totia Meirelles são duas delas.
BWW - Me parece que você é um apaixonado e expert em cervejas. Você inclusive chega a fabricá-las de forma caseira. É apenas um hobby ou você tem planos profissionais quanto a isso?
N L - (risos) Esse é um outro projeto paralelo da minha vida. Sim, estou criando cervejas artesanais de forma muito modesta por enquanto, é algo muito prazeroso e que dá grandes satisfações com resultados incríveis. Estou querendo adquirir experiência para realizar talvez no futuro o sonho de ter uma produção própria, me associar a algum colega, achar fundos e criar uma marca. É um mercado que está crescendo muito. Eu venho de um país onde essencialmente se bebe vinho, e sempre tive o sonho de ser sócio de uma vinícola. No Brasil tinha meio que desistido da ideia, principalmente porque a maior produção de vinho é no sul do país, e morando no Rio fica difícil acompanhar. Certa vez tive a oportunidade de me aproximar do universo cervejeiro, descobrindo que é um universo interessantíssimo, e é algo que não precisa de grandes investimentos como na indústria viticultora. O Brasil está produzindo cervejas de altíssima qualidade, premiadas mundo afora, e isto se revelou imediatamente algo instigante para mim. O importante é não dar passos maiores da perna, acho que é preciso pensar sempre com uma visão de médio/longo prazo pra realizar os grandes sonhos. Digamos que acabei de plantar aquela sementinha... (risos).
NINE - UM MUSICAL FELLINIANO
Um espetáculo de Charles Möeller & Claudio Botelho
Com TOTIA MEIRELES, CAROL CASTRO, MALU RODRIGUES, LETÍCIA BIRKHEUER, MAYANA MOURA, MYRA RUIZ, RENATA VILELA, CAMILLA MAROTTI, LAIS LENCI, LOLA FANUCCHI, ISABELLA MOREIRA E NICOLA LAMA como Guido Contini
PARTICIPAÇÃO ESPECIAL: BEATRIZ SEGALL
Direção Musical e Versão Brasileira: Claudio Botelho
Cenografia: Rogério Falcão
Figurinos: Lino Villaventura
Coreografias: Alonso Barros e Charles Möeller
Design de Som: Ademir Moraes Jr.
Design de Luz: Paulo Cesar Medeiros
Direção Musical e Regência: Paulo Nogueira
Visagismo: Beto Carramanhos
Coordenação Artística: Tina Salles
Produção Executiva: Edson Lopes
SERVIÇO
Teatro Porto Seguro
Alameda Barão de Piracicaba, 740 - Campos Elíseos - São Paulo
De 23 de maio a 9 de agosto
Quintas, Sextas e Sábados, às 21h. Domingos, às 19h.
Duração: 2h15
Classificação etária: 12 anos
Lotação: 508 lugares
Ingressos:
Quintas e Sextas
R$ 80 (Frisa/Balcão), R$ 100 (Balcão Vip), R$ 150 (Plateia) e R$ 180 (Plateia Vip).
Sábados e Domingos
R$ 100 (Frisa/Balcão), R$ 130 (Balcão Vip), R$ 180 (Plateia) e R$ 200 (Plateia Vip).
Vendas: www.ingressorapido.com.br
Funcionamento da Bilheteria: terça a sábado, das 13h às 21h e domingos, das 12h às 19h
Formas de pagamento: Débito: Visa Eléctron/ Redeshop /
Crédito: Amex/Visa/Mastercard/Dinners/Hipercard | Não aceita pagamento em cheque / Vale Cultura
Acessibilidade
Estacionamento: Estapar - Al. Barão de Piracicaba, 618
Serviço de Vans:
De terça a sexta: das 19h à 0h
Aos sábados, das 13h à 0h
Aos domingos: das 13h às 23h
Itinerário: Estação Luz - Porto Seguro - Estação Luz (saída Praça da Luz / Rua José Paulino)
Site: www.teatroporseguro.com.br
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