Para conhecer a história de O Quebra-Nozes há que recuar ao ano de 1888, quando o director dos teatros imperiais russos, Ivan Vsevolozhsky, pediu a Tchaikovsky que compusesse uma partitura para um ballet baseado num plano que ele próprio fizera para o conto de fadas A bela adormecida, de Charles Perrault. O sucesso desta peça levou Vsevolozhsky a reaproximar-se de Tchaikovsky, dessa feita com uma proposta para um bailado em dois actos baseado num dos contos fantásticos de Hoffmann.
Shchelkunchik é o título original deste bailado em russo, sendo pois uma adaptação feita por Vsevolozhsky e Marius Petipa da história de Hoffmann O Quebra-Nozes e o Rei dos Ratos. Petipa adoeceu antes dos ensaios, o que fez com que Lev Ivanov, o seu assistente, tivesse um papel mais decisivo na coreografia. Ivanov terá realçado as cenas do reino do açúcar no segundo acto. Criando um nó de ansiedade e antecipação do futuro, conduziu o conteúdo lírico da música como uma história acerca do destino das personagens e uma reflexão poética sobre o espírito natalício.
O bailado teve estreia absoluta em São Petersburgo, no Teatro Mariinsky, em Dezembro de 1892. A Companhia Nacional de Bailado – fundada em 1977, tendo desde então apresentado nos mais importantes palcos do País peças do reportório clássico e criações contemporâneas – dançou pela primeira vez O Quebra-Nozes em Dezembro de 2003, no Teatro Camões, em Lisboa.