Era uma vez um escritor chamado Aquilino Ribeiro (1885-1963) que um dia ofereceu a um filho seu pelo Natal uma história escrita por si. Era uma história que o escritor já tinha contado ao longo de várias noites a esse fi lho que, sentado nos joelhos do pai enquanto este contava, fazia perguntas ou então fi cava calado. Esse escritor tinha crescido numa aldeia no Norte de Portugal e conhecia muito bem os animais que viviam perto dos seres humanos que habitavam o campo – como por exemplo as raposas, que roubavam ao «bicho-homem» as «galinhas parvinhas». A peça é sobre uma raposa muito esperta e comilona que não gostava de comida de dieta (ervas e gafanhotos). Eis senão quando caiu a noite – pois a noite, ao contrário da manhã, que nasce, cai – cai sobre a tarde e fi ca ali uma data de horas a ser só noite, fechada na escuridão. Ai como era terrível a fome para quem a tinha. Onde andava o texugo, que tinha sempre o que comer e que segundo constava tinha acabado de arranjar comida e da boa?