Depois de se tornar um verdadeiro fenomeno junto aos jovens cariocas,O DESPERTAR DA PRIMAVERA (SPRING AWAKENING)chega a São Paulo para uma grande temporada no Teatro Sergio Cardoso.O espetaculo é mais uma realização da dupla Charles Möeller e Claudio Botelho.
A OBRA ORIGINAL
Em 1891, o dramaturgo alemão Frank Wedekind escreveu ‘O Despertar da Primavera' peça que, pela primeira vez na Historia da Dramaturgia Mundial, abordava temas como o descobrimento da sexualidade,a masturbarção, o homossexualismo, o incesto, o suicídio e a grande opressão sofrida pelo jovem, fosse na família, na escola ou na religião.O texto de Wedekind foi proibido imediatamente após a sua publicação na Alemanha e acusado de incitar os jovens ao suicídio e à prostituição. Wedekind no entanto afirmava que sua obra era um estimulo à vida e à liberdade.
O MUSICAL
Mais de um século depois, Duncan Sheik e Steven Sater inseriram o rock´n´roll na vida daqueles jovens e assim nasceu a versão musical de O DESPERTAR DA PRIMAVERA. Após uma avassaladora temporada no circuito Off-Broadway, em 2006, o espetáculo estreou no mesmo ano na Broadway e conquistou os principais prêmios do teatro norte-americano: oito Tony Awards (melhor musical, melhor texto de musical, melhor trilha original, melhor direção, ator revelação, melhor coreografia, melhor orquestração e melhor iluminação), um Grammy de melhor álbum de musical, além de ser eleito o Melhor Musical pelo New York Drama Critics Circle Award, o Drama Desk Awards, o Outer Critics Circle Awards, o Lucille Lortel Awards e o Drama League Awards. Foi ainda eleito o "espetáculo do ano" pelo jornal New York Times. Atualmente, o musical está em turnê pelos Estados Unidos e Canadá e já foi montado em Londres, na Suécia, Hungria, Dinamarca, Áustria, Finlândia, Japão, entre outros. Estão acertadas encenações nas Filipinas e na Argentina. A montagem australiana estreou recentemente.
A VERSÃO BRASILEIRA
Pouco mais de dois anos após a estreia da Broadway, Charles Möeller e Claudio Botelho trouxeram para o Brasil SPRING AWAKENING, que estreou em 2009 no Teatro Villa-Lobos no Rio de Janeiro e que agora pode ser apreciada pelos paulistas (jovens ou não).
Sobre o trabalho diz Claudio Botelho: "A união do rock com um texto de 1891 foi um escândalo. É diferente de tudo o que vinha rolando lá nos últimos anos,absolutamente vanguardista.A grande sacada é colocar a música de hoje relacionada aos jovens daquela época. Seus gritos e buscas permanecem os mesmos.Complementa Charles: "Em 2009, podemos usufruir da liberdade total, mas continuamos sofrendo das mesmas doenças e inseguranças. O tempo passou, mas a essência do homem se mantém oprimida muitas vezes, especialmente diante da Família, da Igreja e do Estado".Sobre a obra de Wedekind Charles declara: "Ele teve coragem de tocar em tabus sem qualquer máscara, isso ainda no fim do século XIX. Ele desmistificou a história da cegonha trazer os bebês, falou abertamente sobre o prazer, mostrou pela primeira vez no teatro uma menina já sexualizada (Ilse, a personagem que foge de casa), além do primeiro beijo homossexual aberto na história da dramaturgia.A peça discorre sobre vários temas, mas é fundamentalmente sobre o sexo. O adolescente é um mundo secreto e esse espetáculo oferece uma possibilidade de espiarmos este mundo pelo buraco da fechadura".
Para a concepção do musical, Duncan Sheik e Steven Sater trabalharam durante oito anos no texto original. "Eles queriam algo diferente que pudesse ser transformador. Nada mais natural que bebessem na fonte do Wedekind. Tudo o que ele desejou há mais de um século vem se concretizar de modo diferente agora, com a nova linguagem do musical. Ele queria que a peça fosse um grito de liberdade e isso é sem nenhuma dúvida a tônica desta nova versão", diz Charles.
A montagem brasileira de ‘O Despertar da Primavera' conseguiu autorização para ser a primeira non-replica no mundo desde a estreia na Broadway. Isto significa que, usando o mesmo texto e canções do musical, Charles Möeller e Claudio Botelho estão realizando a primeira direção e concepção diferente em tudo das originais. Consultados, os autores foram seduzidos pela possibilidade de verem sua obra encenada com outra visão pelos artistas brasileiros. "É um fato inédito montarmos uma produção tão recente da Broadway com a autorização para uma direção autoral. Geralmente, os espetáculos de grande sucesso levam muitos anos para que comecem a ser ‘licenciados' pelos autores sem a obrigatoriedade da cópia", revela Claudio. "Tive total liberdade para a tradução dos textos e as versões das canções, e só me interessa trabalhar assim. Só não mexi nas partituras e nos arranjos, que considero perfeitos e que são, como sempre, a alma e o sentido principal de um musical", complementa.
"Eu já era muito apaixonado pela peça, antes mesmo de virar um musical. Várias vezes, em adaptações para musicais, perde-se a força do texto, mas o caso do ‘Despertar da Primavera' é uma coisa raríssima, pois o musical consegue ser ainda mais contundente do que o original", afirma Charles. "A adaptação é bastante fiel. Os personagens estão inteiros. A principal mudança é que todos os adultos do triângulo escola/igreja/família são representados pelo mesmo casal de atores. Independentemente do cenário no qual esteja inserido, o adulto trata o jovem sempre como inimigo nesta peça", acrescenta.
A versão brasileira é diferente em varios aspectos do original da Broadway:"Só monto um espetáculo se puder dar a minha opinião sobre ele, não faço réplicas, pois para isso minha função seria praticamente desnecessária", explica Charles. "Na Broadway, as músicas são apresentadas como um grande show. Na hora em que cantam, os personagens se transformam em ídolos de rock, com o microfone nas mãos. Entendemos as canções como as projeções do pensamento dos adolescentes. Em nossa versão, tudo acontece apenas na cabeça deles. Não é o que eles estão vivendo, mas o que gostariam de expressar".
O elenco é formado por jovens entre 14 e 25 anos. "Uma das únicas exigências dos criadores originais foi que os atores tivessem a idade muito próxima dos personagens. Não são adultos se passando por adolescentes. Acho o máximo trabalhar com esses garotos", entusiasma-se Charles. "Estamos lidando com um elenco que está realmente despertando, é o momento do florescimento deles. Algumas cenas mexem com eles, mas queria justamente desmitificar os tabus. Não posso tratar desse material se tiver qualquer pudor".
Os cenários de Rogério Falcão usam tijolos e paredes para reforçar a incomunicabilidade, a castração. "Esteticamente, o espetáculo tem inspiração darwinista, tudo é vertical. O homem fica pequeno diante do universo que o cerca, aquele que não se adapta tem que ser exterminado", explica Charles. As ações acontecem sempre entre quatro paredes, seja na escola, em casa ou na igreja. Tudo é velado. Dentro desse espaço limitado não é possível a experimentação. Não por acaso, todos os encontros e as descobertas são feitos na floresta, que é justamente o espaço livre de paredes, de teto", acrescenta.
Os figurinos de Marcelo Pies utilizam transparências, deixando à mostra pequenas imagens, seja uma folha, uma boca, revelando sutilmente aquilo que deveria estar oculto. A ficha técnica traz ainda habituais parceiros da dupla. A coordenação artística é de Tina Salles, a luz de Paulo César Medeiros, e a direção musical de Marcelo Castro. Para a coreografia, foi convidado o brasileiro Alonso Barros, radicado em Vienna e um dos coreógrafos mais experientes em teatro musical no circuito europeu de entretenimento. "Despertar no público jovem o interesse de assistir um musical é o nosso grande desafio. O espetáculo trazendo temas tão presentes na vida de todos e falando a linguagem dos jovens através da música nos dá a certeza de estarmos no caminho certo", diz Aniela Jordan, uma das sócias da Aventura.
(Nossos agradecimentos ao site Möeller&Botelho pela utilização de grande parte do material utilizado nessa matéria)
O ELENCO EM SÃO PAULO
Malu Rodrigues - Wendla
Laura Lobo - Martha
Leticia Colin - Ilse
Mariah Viamonte - Thea
Estrela Blanco - Anna
Eline Porto - Elise
Lua Blanco - Mariana
Alice Motta - Frida
Clara Verdier - Ina
Pierre Baitelli - Melchior
Rodrigo Pandolfo - Moritz
Thiago Amaral - Hanschen
Felipe de Carolis - Ernst
Andre Loddi - Georg
Bruno Sigrist - Otto
Danilo Timm - Dieter
Thiago Marinho - Ulbrecht
Felipe Tavolaro - Rupert
Gabriel Falcão - Reinhold
FICHA TECNICA
Música de Duncan Sheik
Texto e Letras de Steven Sater
Baseado na obra de Frank Wedekind
DIREÇÃO
Charles Möeller
VERSÃO BRASILEIRA / SUPERVISÃO MUSICAL
Claudio Botelho
DIREÇÃO MUSICAL
Marcelo Castro
COREOGRAFIA
Alonso Barros
CENÁRIO
Rogério Falcão
FIGURINOS
Marcelo Pies
VISAGISMO
Beto Carramanhos
DESIGN DE LUZ
Paulo César Medeiros
DESIGN DE SOM
Marcelo Claret
COORDENAÇÃO ARTÍSTICA
Tina Salles
SERVIÇO
O DESPERTAR DA PRIMAVERA (SPRING AWAKENING)
Teatro Sergio Cardoso
Rua Rui Barbosa, 153 - Bela Vista
Tel: (11) 3288-0136
Temporada de 12 de março a 2 de maio
Quintas, sextas e sábados, às 21h.
Domingos, às 18h.
Ingressos a R$ 60.
Classificação etária: 14 anos
Lotação: 856 lugares
Duração do espetáculo: 120 minutos (mais intervalo)
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