O MAMBEMBE foi escrito em 1904 pelo maior dramaturgo brasileiro no gênero dos musicais: Artur Azevedo (em colaboração com José Piza). De lá para cá foram muitas montagens da peça, sempre com grande sucesso de público e crítica.
A causa do sucesso deste texto reside na graça e simplicidade com que ele aborda o teatro dentro do teatro, contando a história de uma trupe de atores e atrizes que se aventuram em uma excursão por lugarejos do interior. Muitas vezes se apresentam em troca de comida e de maneira improvisada. O público se identifica com a luta heróica que estes artistas travam contra a precariedade de sua arte mendicante, ao mesmo tempo que desbravam seu próprio país.
Hoje já sabemos que as soluções de problemas como a pobreza e a violência passam pela cultura, pela educação e pelo conhecimento das raízes de um povo. Mas será que aprendemos a lição?
O Grupo Sarça de Horeb, ao contar esta história, estará contando um pouco dos vinte anos de sua própria história: as dificuldades do fazer teatral, a insegurança da profissão, a falta de apoio do governo e da sociedade, o amor incondicional ao Teatro.
As motivações que levam o grupo a produzir O MAMBEMBE na comemoração de seus 20 anos, são as mesmas que o orientam desde sua criação: a busca de um Teatro brasileiro e essencial, um entretenimento artístico que contribua na evolução do homem através do autoconhecimento, do resgate e compreensão de suas raízes culturais.
Depois de tantos clássicos do Teatro brasileiro como Machado de Assis, Ariano Suassuna e Rachel de Queiroz, o grupo agora produz outra pérola da dramaturgia nacional, um texto que fala do próprio fazer teatral, que ainda sonhava em ter um lugar ao sol, naquele início de século XX. Ao mergulhar na pesquisa sobre aquela época, o grupo descobriu um quadro não muito diferente de boa parte do teatro atual (principalmente entre grupos que viajam). Um Teatro semi-profissional, carente de apoio do governo, que tenta acompanhar as mudanças de seu tempo, e principalmente, impulsionado pela paixão cega de artistas abnegados, que sacrificam a vida pelo palco.
Mostrar em cena essa paixão é falar da própria essência do Teatro. E é nisso que este projeto aposta. Uma tradição que vem desde Goldoni, passando por Shakespeare e por nosso O Mambembe de Artur Azevedo. O Teatro sempre se remeteu ao próprio fazer teatral, aos seus mecanismos, suas ilusões, para tratar indiretamente da condição humana. Teatro e vida se misturam para sugerir o sonho de um ser humano melhor, mais coletivo, uma sociedade que tenha a harmonia de um belo espetáculo.
São estas as duas maiores contribuições da obra do Maranhense radicado carioca Artur Azevedo: como jornalista, suas crônicas são um retrato fiel e bem humorado de uma civilização brasileira recém criada à beira da Baía de Guanabara. Enquanto dramaturgo, produtor e teatrólogo, sua vida e obra foram dedicadas à luta por um teatro nacional, que desse um mínimo de condições a seus profissionais, e pudesse assim ajudar a construir um Brasil em formação.
Esta montagem vai resgatar um grande texto de um grande autor nacional, além de comemorar os vinte anos de resistência de um grupo que milita pelo teatro brasileiro. O público poderá então comparar o teatro de hoje com o teatro de Artur Azevedo - o que permanece? o que mudou? - para onde vamos?
O MAMBEMBE do Grupo Sarça de Horeb é mais que um projeto de musical. Trata-se da retomada da proposta de se levar o teatro cada vez mais a sério no Brasil, em cada música, cada risada da platéia. E em cada tirada de gênio do mestre Artur Azevedo.
O DIRETOR
Almir Telles é fundador e diretor artístico do Grupo Sarça de Horeb. Pelo grupo já escreveu e dirigiu vários espetáculos premiados. Como diretor encenou também espetáculos de Shakespeare, Suassuna, Thornton Wilder, João Cabral, Luiz Marinho, e muitos outros. Como ator, Almir trabalhou em inúmeras montagens históricas, ao lado de atores e diretores consagrados, como Fernanda Montenegro, em O Interrogatório, Antunes Filho, em Julio Cesar e Celso Nunes, em Equus.
No entanto, o que veio a se tornar marca na sua carreira foi a tarefa de dirigir e formar jovens atores e platéias, criando vários grupos e espetáculos para este fim. Almir atua há mais de 25 anos como professor de teatro, e desde 1989 dá aulas de interpretação no curso de formação profissional para atores da CAL - Casa das Artes de Laranjeiras.
O ELENCO E A EQUIPE DE CRIAÇÃO:
O MAMBEMBE
de Artur Azevedo
A primeIra Montagem a usar as partituras originais da montagem histórica de 1959.
ELENCO
Marcos Breda, Xando Graça, Joana Cabral,
Fernanda Thuran, Gustavo Guenzburger,
Clara de Andrade, Lucas Ponzi,
Jean Beppe, Victor Garcia, Alexandre Salviano,
Lucas Gutierrez, Sylvinha Miranda, Mariana Baldi,
Monique Debouteville, Ray Lucas,
Rodrigo Oliveira, Iuri Kruchewsky,
Paulo Menezes e Marco Antonni (Stand In)
Direção: Almir Telles
Texto: Arthur Azevedo e José Piza
Músicas: Assis Pacheco, Manoel Lopes e Alexandre Elias
Direção Musical: Alexandre Elias
Supervisor Musical: Claudio Botelho
Direção de Corpo: Ana Vitória
Iluminação: Dani Sanchez
Figurinos e Cenários: Rafael Silva
Assistência de Direção Musical e Preparação Vocal: Felipe Habib
Pesquisa Musical: Gustavo Guenzburger
Pianista Ensaiadora: Evelyne Garcia
Músicos: Evelyne Garcia, Bezaleel Gomes e Di Lutgardes
Assistente de Coreografia: Luciana Ponso
Direção de Produção: Bernardo Cerveró
Supervisão de Produção: Marília Milanez
Design: Rico Vilarouca
Ilustrações: Mario Alberto
Fotografia: Mauro Kury
Produção de Cenários e Figurinos: Renata Lamenza
Administração: Studart Dória
Assessoria de Imprensa: Ney Motta
Assistente de Produção: Jean Beppe
Contra-Regra: Luciano Caldas
Internet: Lucas Ponzi
SERVIÇO:
O MAMBEMBE
De 3 de junho a 11 de julho, de quinta a domingo - 19 h.
SESC GINÁSTICO - RIO DE JANEIRO.
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In the photo:
O MAMBEMBE 2010 poster and the director Almir Telles.
Estreia no Rio de Janeiro um dos mais lendários musicais brasileiros de todos os tempos: O MAMBEMBE.
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