SE EU FOSSE VOCÊ (IF I WERE YOU) a 2006 Brazilian comedy movie directed by Daniel Filho, is now a stage musical at Teatro Oi Casa Grande, Rio de Janeiro. The picture was a box office success, having the largest audience of a Brazilian film in 2006.
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Não quero dizer com minhas primeiras observações que o musical em cartaz no Teatro Oi Casagrande é uma obra faraônica que, por erro de calculo, ruiu. Não. Absolutamente. SE EU FOSSE VOCÊ tem o mérito de apostar na estreia como diretor, de um coreografo de musicais que hoje é o mais relevante do Brasil, de reunir uma equipe excelente de interpretes (como Claudia Netto, Nelson Freitas e Fafy Siqueira) e de se cercar de uma equipe tecnica e artistica da melhor qualidade.
No elenco, Claudia Netto demonstra e prova, mais uma vez, que é uma atriz que consegue resolver tudo no palco. Dona da voz mais bonita do Teatro Musical Brasileiro, Claudia passeia de uma intensa Judy Garland das ultimas temporadas para uma divertida Helena, agora em SE EU FOSSE VOCÊ. Nelson Freitas, ressurge como um dos grandes profissionais do Teatro Musical dos anos 80 e 90. Tem-se hoje a impressão de que todo esse tempo não passou para ele. É o dono da noite, com o seu Claudio, de voz agradabilíssima, fazendo do palco a sua casa. Uma casa da qual ele nunca deveria ter se ausentado. Nelson domina a platéia com uma composição encantadora e detalhada. Fafy Siqueira também é uma das boas surpresas da noite. Abandonando a chave do humor popular brasileiro, Fafy compõe uma Vivinha saída da Alta Comedia, elegante, com um senso de humor refinado e com bela voz. Admirável sua interpretação de SAÚDE e MANIA DE VOCÊ (a ultima com Lua Blanco). Lua e Bruno Sigrist ( este uma verdadeira força teatral) também estão ótimos, assim como Marya e Kakau- sempre com interpretações irretocáveis.Osvaldo Mil também inunda o palco de teatralidade, com suas poucas intervenções, assim como todo o elenco de apoio, especialmente Carlos Arruza e Eduardo Leão. No elenco destaca-se a participação especial de Carla Daniel que, em sua composição,confunde "tratamento de choque" com "tratamento de Shopping" criando uma Denise deliciosa, um misto de Dulcina de Moraes e Charlotte Greenwood (esta ultima ressuscitada dos antigos musicais da Fox). GIselle Lima, Nicola Lama, Alberto Goya, Igor Pontes, João Corrêa, Lana Rhodes, Lucas Drummond, Mariana Amaral, Neuza Romano, Thati Lopes e Vanessa Costa completam o talentoso e competente conjunto de atores.
É inegável na direção de Alonso Barros, a busca de um espetáculo fluente e dinâmico, marca registrada dos diretores coreografos que a partir dos anos 60, com Bob Fosse, dominaram a Broadway. Alonso utiliza grandes e levíssimas estruturas que volta e meia são trazidas pelos atores para a cena, criando a dinamica necessária para que o espetáculo prossiga sem interrupções. As composições obtidas com o corpo desses atores, muitas vezes imóveis, são igualmente elegantes e teatrais. A meu ver a principal omissão do Alonso Barros (DIRETOR), foi não ter percebido a enormidade de tempo quase morto estabelecido pela desorientada adaptação. Por outro lado, O Alonso Barros (COREOGRAFO), faz explodir no palco verdadeiros fogos de artifícios, como na sequencia genial do futebol que conduz a excelente a cena do vestiário com os bancos e o chuveiro. Teatro puro! E o que dizer da festa teatral que é, em sua totalidade, o coro de ceguinhos? E, SUCESSO AQUI VOU EU? E o ballet com "pés de pato"? E a fusão da cenografia / projeção com o que acontece quando Claudio mergulha na piscina? Sequencias com a magia que só o Teatro Musical pode nos proporcionar.
Ainda na equipe de criação cumpre destacar o Diretor Musical Guto Graça Mello (como sempre um craque), Liliane Secco, a cenografia funcional (pelo menos para quem estava na platéia) de Chris Aizner e Paulo Correa, O figurino de Marcelo Pies, o visagismo do campeão Beto Carramanhos, a luz de Paulo Cesar Medeiros, o desenho de som de Carlos Esteves, os arranjos vocais de Tony Lucchesi, Marcela Altberg à frente do casting, e Rico Vilarouca no videografismo ( um ponto alto a participação do video em BALADA DO LOUCO ).
UMA ULTIMA PALAVRA PARA OS NOSSOS PROFISSIONAIS DE MUSICAL:
É inegável que todos vocês estão entre os melhores do mundo. Vocês atuam, cantam e dançam. Vocês produzem e escrevem. Muitos compõem. São disciplinados e amam o que fazem. Só está, perdoem, faltando em vocês um importante detalhe: a consciência de uma postura profissional mais voltada para o espetáculo como um todo. Eu explico: claro que às vésperas de uma estreia, com o programa já impresso com a relação dos numeros musicais e das cenas, ninguem recebe bem a notícia de que sua musica vai ser cortada ou sua cena vai ser suprimida. Pois bem: num trabalho difícil como SE EU FOSSE VOCÊ e outros mais, que não passaram por um processo de "workshops" e são musicais ORIGINAIS que nunca foram vistos pelo publico, é fundamental que haja essa compreensão. Como se faz com o programa caríssimo, já impresso? Uma simples folha de papel explicando as eventuais mudanças resolve completamente o caso. Repensar uma obra artística não é vergonha, acreditem. Imagino nesse momento, a quantidade de autores, diretores e até mesmo produtores que se viram tomados pelo constrangimento ao ter que comunicar a um interprete que a sua canção ou seu solo de dança não estaria mais no espetáculo. Muitos nem conseguiram. E preferiram que a cena fosse mesmo apresentada, para prejuízo do espetáculo e principalmente do publico. É isso, creio eu, esse abismo que nos separa de nossos colegas estrangeiros. Em THE BAKER'S WIFE (um espetáculo que nunca chegou à Broadway) Patti Luponne teve duas de suas canções cortadas impiedosamente na tarde de estreia em Los Angeles. Patti, com certeza, chorou muito sozinha em seu camarim, Mas à noite estreou sem as duas músicas com a total consciencia de que isso só aconteceu para o bem comum. O bem do "show".
E antes que eu me esqueça: VIVA A NOSSA RITA LEE!!!!
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