Milton Nascimento - Nada Será Como Antes, is really a theatrical tapestry of wonders that celebrates the work of one of the most gifted Brazilian composers. At the new Theatro Net in Rio de Janeiro, Moeller and Botelho once again make history in Brazilian Musical Theatre with this delicate piece of stagecraft, beauty and sensibility. A true and definitive winner!
A Broadway popularizou, a partir do estrondoso sucesso de AIN'T MISBEHAVIN' no final da década de setenta, um gênero de teatro musical que atingiu com MAMMA MIA e JERSEY BOYS uma consistente popularidade: o "Jukebox Musical". Antes de chegar ao palco, Hollywood com SINGING IN THE RAIN ou MEET ME IN ST. LOUIS já fazia uso desse formato, criando verdadeiros clássicos, obras primas, inesquecíveis até hoje. No Brasil, o hoje injustiçado Carlos Machado criava na madrugada o seu teatro com princípio, meio e fim, lançando mão de todo o catalogo musical de Noel Rosa (FEITIÇO DA VILA), Lamartine Babo (TEU CABELO NÃO NEGA) e Ary Barroso ( MISTER SAMBA) entre muitos outros. Injustamente, a crítica e o publico classificaram Machado como um produtor e diretor de shows luxuosos mas inconsequentes. Mas na verdade ele, de forma pioneira , nos anos cinquenta, estava na verdade dando a sua contribuição à formação de um autentico Teatro Musical Brasileiro. Ou seja o Teatro Musical criado no Brasil, mesmo que muitas vezes sua fonte inspiradora fosse
Cole Porter ou os irmãos Gershwin ( CLARINS EM FÁ, SATÃ COMANDA O ESPETACULO). Nasceu assim com Machado (antes dos americanos) a idéia de materializar num palco brasileiro o "Jukebox Musical", expressão que ele com certeza não conhecia, pois não haviam ainda denominado essa interessante formula como tal. Na atualidade SASSARICANDO, É COM ESSE QUE EU VOU, BEATLES NUM CEU DE DIAMANTES ao lado de uma febre de musicais biográficos ( SOMOS IRMÃS, METRALHA, CAUBY CAUBY, TIM MAIA-VALE TUDO e muitos outros) consolidaram e consagraram o "jukebox musical" por aqui.
Mas seria
Milton Nascimento - NADA SERÁ COMO ANTES um "Jukebox Musical"? Acho que sua importância como exercício dramático ultrapassa rótulos e fórmulas e o transforma, com certeza, numa experiencia teatral histórica, original e absolutamente irresistível. Charles Moeller, que assina a direção e a criação do espetáculo, ao lado de
Claudio Botelho no roteiro e (extraordinaria) direção musical, chegaram à perfeição absoluta na construção de uma celebração madura, poética e irrepreensível, reinterpretando a obra do grande
Milton Nascimento de uma maneira que acredito, nem o proprio Milton poderia ter imaginado um dia. A interpretação cênica de Charles em cada uma das músicas chega perto de um minucioso trabalho de ourivesaria, de um bordado quase matemático mas ao mesmo tempo fluente e emocionante como a complexidade que só a autentica SIMPLICIDADE possui. Emocionante! O que Charles faz, por exemplo, no palco, com a ajuda de dezenas de caixas de percurssão (os "cajons", tão queridos pelas bandas mineiras), é cenicamente de uma magia quase infantil ( no significado mais belo que a palavra "infantil" possa ter). Bravo!
Rogerio Falcão cria uma autentica tapeçaria tecida com maravilhas do imaginário mineiro nas paredes do "cenário" ou "templo" em que os noventa minutos do espetáculo acontecem. Alguem poderia imaginar uma "capela sistina" cheia de signos a nós tão familiares, num centenário casarão de Tres Corações? Impensável. Mas Rogerio consegue o impossível. E o impossível está lá, no palco do Theatro Net-Rio.
Cassia Raquel, Claudio Lins, Délia Fisher,Estrela Branco, Jonas Hammar, Jules Vandystadt, Lui Coimbra, Marya Bravo, Pedro Aune, Pedro Sol, Sergio Dalcin, Tatih Köeller, Whatson Cardoso e o personalíssimo Wladimir Pinheiro são os instrumentos que dão vida a esse momento raro. Todos maravilhosos. Vozes privilegiadas e presenças cênicas irrepreensíveis.
Milton Nascimento deve estar muito orgulhoso de todos eles, sem dúvida.
A destacar também a luz de Paulo Cesar Medeiros,as orquestrações e arranjos de Délia Fisher, os arranjos vocais de Jules Vandystadt, o design de som de Marcelo Claret, os figurinos também de Charles Moeller , a coordenação artítica de Tina Salles e a valiosa colaboração de Leo Ladeira na pesquisa musical, alem de todos os envolvidos na realização e execução desse admirável espetáculo.
Nos momentos finais, não se pode deixar de reconhecer que
Milton Nascimento - NADA SERÁ COMO ANTES é também um sincero canto de amor às Minas Gerais. Naquele assoalho e naquelas paredes construídas de sonho, se pode quase sentir a presença dos grandes artistas que nas artes cênicas e na música brasileira contemporânea vagam por todo espaço, invisíveis, abençoando e celebrando a festa da terra-mãe: Gabriel Vilela, Rodrigo Pederneiras e o seu Grupo Corpo, o Grupo Galpão, os Meninos de Araçuaí, o Teatro de Bonecos Giramundo e tantos outros, incluindo nesses, o menino que saiu de Araguari cheio de sonhos e no Rio de Janeiro se transformou numa indiscutível Referencia:
Claudio Botelho.
Theatro Net- Rio de Janeiro. (FOTO DE GUGA MELGAR)
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