The new Brazilian production of FIDDLER ON THE ROOF (the first one was in the sixties) is a joy which makes Brazilian theatre profissionals proud of it. After COMPANY, AVENUE Q, SPRING AWAKENING, THE SOUND OF MUSIC,GYPSY and HAIR (all suberbs) Möeller and Botelho with this wonderful FIDDLER reached a point of no return: they have put Brazilian production and artistics values of Broadway musicals in a state of perfection that only the original and legendary ones can be compared.
A genêsis de O VIOLINISTA NO TELHADO tem início em 1960 quando Joseph Stein numa noite de insônia resolveu remexer o baú em que guardava os livros que eram seus companheiros inseparáveis na infancia. O mais desgastado de todos era justamente as histórias de Tevye, o leiteiro, com suas mazelas, sua Golda, suas filhas e pairando naquelas páginas amareladas, o gênio de Sholom Aleichem. Um ano depois Jerry Bock e Sheldon Harnick já tinham esboçado, a pedido de Stein, o material que se transformaria poucos anos depois em um das mais celebradas obras dramáticas (musicais ou não) do século vinte. Aliás, poucas obras do teatro musical norte-americano possuem histórias tão curiosas envolvendo sua criação e posterior produções pelo mundo afora. Por exemplo, em Israel, a grande dificuldade foi fazer com que as letras em inglês se ajustassem ao hebreu. Assim, IF I WERE A RICH MAN se transformou em IF I WERE A ROTHSCHILD - um título profético, já que o próximo musical de Bock e Harnick, depois de FIDDLER, teria como título e temática a lendária dinastia familiar judaica. Em Paris as roupas desgastadas dos vilarejos russos, foram substituídas por figurinos com cores berrantes e exuberantes tecidos estampados pois os parisienses (segundo os produtores locais) não aceitariam um musical da Broadway que não tivesse o saturado colorido de um musical da Metro. Na Holanda, acreditem ou não, o título foi trocado por um outro "bem mais comercial": "ANATEVKA"(!). Vocês entenderam a jogada holandesa de marketing? Não tentem entender porque nenhum ser vivente com um mínimo de sanidade mental entenderia. Saber que os nomes de Orson Welles e Frank Sinatra, antes de Topol, foram considerados para estrelar o filme de Norman Jewison também é interessante. Bem, mas nada se compara com a propria produção original da Broadway em que, em uma das ultimas "previews", o ator que fazia o rabino desmaiou. Sua filha confirmou então o que Jerome Robbins já desconfiava pelas histórias que o velhinho lhe contava sobre o nascimento do "Idish Theatre" em Nova Iorque: ele estava fazendo naquele dia nada mais nada menos do que 119 anos!!! Para pesar de todos foi substituído, mas estava sentado na primeira fila cheio de saúde, na estréia. Histórias... Curiosas e incríveis histórias.
A primeIra Montagem de O VIOLINISTA NO TELHADO no Brasil foi um espetaculo marcante, principalmente por reproduzir exatamente aquilo que só os que podiam pegar um avião da Panam (ou da nossa Varig) tinham o privilegio de testemunhar: "figurinos, cenários e marcações originais da Broadway". Foi marcante principalmente por ter como protagonistas dois de nossos mais queridos atores: Oswaldo Loureiro e Ida Gomes. Sim, mas os anos se passaram. E hoje, os profissionais do teatro brasileiro podem ser orgulhar de possuir, por exemplo, um cenógrafo da categoria de Rogerio Falcão, um figurinista com a versatilidade de Marcelo Pies e dois mestres da alquimia arrebatadora que o teatro musical pode nos proporcionar: Claudio Botelho e Charles Möeller.
A produção Möeller e Botelho de O VIOLINISTA NO TELHADO no TEATRO Oi CASA GRANDE é detalhada, extraordinária, precisa, emocionante, inesquecível e - Deus - haja adjetivos para exprimir toda a perfeição que esses dois artistas maiores imprimiram à uma obra maior como FIDDLER ON THE ROOF! Claudio Botelho deixou de ser "versionista" (podemos chamar assim?) para se transformar num poeta autônomo, maduro e absoluto. Suas transposições (ou "interpretações") dos versos de Sheldon Harnick são antológicos como uma letra de um Chico Buarque ou como um "puzzle" musical cheio de sensibilidade e frescor linguístico de um Sondheim. Charles Möeller, por sua vez, realizou um trabalho meticuloso desde o "casting" até a sábia (e emocionante) decisão de escalar uma criança para ser o próprio violinista. Menção especial para a cena do pesadelo onde todos os talentos agrupados pela dupla estão em cena, numa amostra do que é de fato o verdadeiro Teatro Total (e que só o musical pode proporcionar): figurinos (indescritíveis), iluminação, vozes deslumbrantes, admiráveis instrumentistas, efeitos especiais e muito talento estão ali de repente reunidos, num só momento, celebrando o teatro através da magia e do talento. Cumpre destacar neste ponto a intervenção poderosa de Marya Bravo (Frumah Sarah) e a composição antológica de Cristiana Pompeu como Vovó Tzeitel, um trabalho digno de prêmio pela precisão de composição e pelo "malabarismo" vocal (Cristiana faz sua voz "viajar" por caminhos deliciosos e inesperados): um grande momento de pura e genuína teatralidade! Não acredito que haja produção de FIDDLER ON THE ROOF no mundo que tivesse logrado tamanho exito nessa cena inesquecível!
E já que mencionamos o elenco temos que salientar os trabalhos primorosos dessa grande Ada Chaseliov como Yente - a casamenteira ( uma atriz em sua plena maturidade), de Ricca Barros com sua personalíssima voz como Vladimir - o tenor russo, de todas as talentosas filhas, de todos os noivos, de todos os pais de Anatevka (Jitman Vibranovski e Jose Steinberg - estupendos) assim como a intervenção competente de Cassio Pandolfi como o Chefe de Polícia e Dudu Sandroni como Lazar Wolf.
Soraia Ravenle empresta sua versatilidade (ela recentemente estava em outro excelente, mas completamente diferente, espetáculo: "É COM ESSE QUE EU VOU") e como quem troca com naturalidade um vestido, se transforma numa Golda adorável e ao mesmo tempo visceral. E José Mayer? Um grande profissional sem dúvida mas que agora, depois desse inesquecível Tevye, sem qualquer ponta de exagêro, ingressa no Olimpo onde já estão Procópio Ferreira, Paulo Autran, Marco Nanini e muito poucos, pois poucos em todos os campos profissionais, são especiais. Seu questionamento sem palavras a Deus que encerra o primeiro ato (uma das mais dificeis cenas da História do Teatro Musical) é uma aula de sensibilidade, economia e autoridade, que merecia ser ministrada a todos os atores que tiveram o privilegio de interpretar Tevye algum dia num palco.
Voltando ao cenário, é curioso como Rogerio Falcão resistiu a tentação de se inspirar em Boris Aronson (o cenógrafo original) e criou a sua própria Anatevka ( homenageando sim, o Mestre Chagall no telão de boca). Falcão hoje em dia possui uma assinatura e marca pessoal, criando elementos gráficos tridimensionais com peças cenograficas de madeira vazada, num estilo proximo (a meu ver) ao grande artista plástico francês Bernard Buffet.Seu trabalho já é inconfundível.
Irrepreensíveis tambem as contribuições de Marcelo Castro (regencia e direção musical) e Janice Botelho (remontagem e adaptação coreográfica).
O VIOLINISTA NO TELHADO é um programa obrigatório para ver e rever. Aplausos para todos os envolvidos! Bravíssimo Möeller e Botelho! Ah, e que alguem providencie com urgencia um outro Premio Shell para Marcelo Pies!
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