With the opening of O FIM DO ARCO IRIS ( End Of the Rainbow), in Rio de Janeiro, with the author Peter Quilter in the audience, Moeller and Botelho put once more in a higher level the Brazilian Musical Theatre, this time with the help of Claudia Netto (of "‘Company", "Avenue Q' and ‘The King And I" fame), as Judy Garland. Claudia give us, for sure, the greatest musical and dramatic performance of a Brazilian actress in this new century.
O Teatro Brasileiro, me perdoem os nossos excepcionais atores, sempre foi um teatro de atrizes. Excelentes coadjuvantes, primeiros nomes, estrelas e aquelas que hoje, são chamadas e reconhecidas como "As Grandes Damas". Dulcina de Moraes, Cacilda Becker, Cleyde Yaconis, Eva Tudor e principalmente as gigantescas Marília Pera, Fernanda Montenegro e Bibi Ferreira, felizmente em pleno exercício de suas atividades, foram os ultimos "monstros sagrados", acima do bem e do mal , que o século 20 nos deixou.
Parece incrível que já possamos chamar os anos em que Bibi brilhou em PIAF e GOTA D'AGUA, que Marilia fez BRINCANDO EM CIMA DAQUILO, que Fernanda fez PETRA VON KANT de "século passado". Mas assim é a vida. Assim é o mundo. O tempo não para.
Com o século 21 felizmente surge, junto ao público brasileiro, a conscientização de que Teatro Musical é coisa séria e ao mesmo tempo uma fonte inesgotável de entretenimento. Um entretenimento que, como Brecht, nos faz tambem refletir e pensar. E novas competentes atrizes, transbordando de talento, foram sendo reconhecidas e admiradas pelo pùblico: a grande
Claudia Raia, Soraya Ravenle, Alexandra Maestrini, Inez Viana, Kiara Sasso, Sabrina Korgut, Isabela Bicalho e muitas e muitas outras. Não quero aqui cometer injustiças: todas são maravilhosas. Sim, mas foram precisos onze longos anos para que o nome da primeira Grande Dama do Teatro Brasileiro no novo século fosse finalmente revelado: CLAUDIA NETTO.
Claudia Netto, que talvez tenha começado bem antes de suas colegas, palmilhou vários, importantes e decisivos caminhos até chegar até aqui. E hoje, recebe de seus amigos de juventude,
Claudio Botelho e Charles Möeller, o passo decisivo para galgar o panteão onde só Bibi, Marília e Fernanda reinavam (até a semana passada) absolutas. Não é uma vitória só de Claudia: é uma benção para os que amam e fazem no país o Teatro Musical.
Sim, mas o que dizer de sua
Judy Garland, personagem central da obra (com muitas canções) escrita por
Peter Quilter? Pouco. Quase nada. É preciso ver e testemunhar primeiro, o trabalho de uma atriz que deixa de ser atriz e se transforma em um autêntico fenômeno do ofício que, com tanto amor, se entregou. Poucas vezes vi num palco presença tão arrebatadoramente poderosa, tão emocionalmente despojada, tão destituída da vaidade própria daquelas que no palco interpretam uma protagonista. Claudia no cenário é ao mesmo tempo Anna Magnani,
Irene Pappas, Giulietta Massina,Bibi, Fernanda, Marília e é claro, Frances Gunn, a imortal
Judy Garland.
A versão de
Claudio Botelho é mais do que competente: é simplesmente deslumbrante e criativa, como sempre, e faz juz ao inteligentemente estruturado texto de Quilter (o autor de GLORIOSA, interpretado no Brasil por
Marilia Pera), que é na verdade uma obra prima brilhantemente construída em cima de uma suposição. Claro que Quilter se utilizou de uma completa pesquisa para "supor" o que teria acontecido no Hotel Ritz onde Judy se hospedou com seu ultimo marido, Mickey Deans, para uma temporada no lendário clube londrino"Talk of the Town". Mas faz de sua "ficção" uma obra maior, quando transforma aquela luxuosa suíte numa espécie de "microcosmo" de toda a trajetória de Garland : a genialidade, os relacionamentos mal sucedidos, a dependência química e, na figura de um pianista gay fictício, a veneração que despertava em seus fãs. Nesse ponto a montagem brasileira conta com um outro grande trabalho: o de Gracindo Junior. Gracindo faz seu Anthony com tamanha sensibilidade e talento que é difícil, ao se deixar o teatro, não se lembrar a todo instante dele. A cena do pedido de casamento é o exemplo do que um autor, um diretor, uma atriz e um Ator (com "A" maiúsculo) podem realizar num simples mas inesquecível minuto: o mais puro Teatro. Igor Rickli cria com talento e muita sensibilidade o marido, Mickey Deans. Sua "mudança" no segundo ato é uma constatação de quão difícil é seu papel e da competência com que ele o realizou.
Charles Möeller atinge nesse trabalho meticulosamente intimista, uma maturidade artística que aos poucos vinha se anunciando mas que, em seus mais recentes espetáculos, se consolidou de forma absoluta e indiscutível. Seus "coups de théâtre" ao fazer algumas vezes do Hotel Ritz o palco do "Talk of the Town" ( transformação inexistente nas montagens de outros países), demonstram que , alem de ser um excelente diretor de atores, sabe lidar também muito bem (e como! ) com tudo que se refere à linguagem cênica do teatro musical.
Os cenários de Rogério Falcão, os figurinos de Marcelo Taes, a iluminação de Paulinho Medeiros (impressionante o que ele conseguiu fazer com contra-luzes na imagem final), os arranjos de Marcelo Castro, o maravilhoso visagismo de Beto Carramanhos, a direção de movimento (Deus! Que trabalho bem realizado!) de Alonso Barros e a inspirada direção musical de
Claudio Botelho transformam O FIM DO ARCO IRIS num trabalho verdadeiramente inesquecível.
Ir ao Teatro Fashion Mall é obrigação de todo aquele que gosta e trabalha com arte em nosso país. Assistir O FIM DO ARCO IRIS não é só desfrutar de um um excelente espetáculo. É mais. Afinal, quem é que nunca teve o desejo secreto de se tornar uma "testemunha ocular da História"? Os meus mais respeitosos aplausos à primeira Grande Dama do Teatro Brasileiro no Século 21. Minhas reverencias à Claudia Netto.
Serviço:
Quinta às 18h - R$ 80,00
sexta às 21h30 - R$ 80,00
sábado às 21h, domingo às 20h - R$ 100,00
Temporada: 11 novembro de 2011 a 12 de fevereiro de 2012
Teatro Fashion Mall
(21) 2422-9800/3322-2495, terça a domingo, das 15h às 20h.
Comments
To post a comment, you must
register and
login.