Comemorando 10 anos de estreia nos palcos da Broadway, o musical [nome do espetáculo] reestreia no Rio de Janeiro, no Centro Cultural da Justiça Federal. Através da metalinguagem, faz uma singela homenagem ao fazer artístico e aos próprios sonhos. [title of show] foi indicado ao Tony Award de Melhor Libreto de Musical e, no Brasil, [nome do espetáculo] está indicado em 4 categorias tanto no "Prêmio do Humor" quanto no "Prêmio Botequim Cultural", incluindo "Melhor Espetáculo".
O [nome do espetáculo], como o próprio título já sugere, se propõe a ser uma montagem teatral diferente de todas as outras. Dois amigos, Hunter (Caio Scot) e Jeff (Junio Duarte), decidem se inscrever em um festival utilizando uma peça de teatro autoral que ainda não foi escrita. Eles têm, portanto, 3 semanas para desenvolver todo o enredo e detalhes do roteiro. Em constante metalinguagem, o musical retrata todo o processo da criação artística e como ele pode ser afetado por sentimentos, inseguranças e obstáculos.
Com quatro cadeiras interessantíssimas e um piano, a peça acolhe a simplicidade como um dos seus alicerces. Mostrando que um musical bem feito está baseado, principalmente, no grau de comprometimento do elenco e produção. Os quatro atores em cena entregam atuações admiráveis e honestas, quase como se eles estivessem interpretando a eles mesmos, sob o olhar cuidadoso da direção de Tauã Delmiro.
Músicas maravilhosas e vozes incríveis, em momento algum saturaram o desenvolvimento do enredo. A direção musical foi brilhantemente construída, com o acompanhamento solo do piano durante todo o show. As poucas falas do pianista (e diretor musical, Gustavo Tibi) fizeram o público gargalhar.
As duas personagens femininas da peça, Susan (Ingrid Klug) e Heidi (Carol Berres), passaram por desenvolvimentos fantásticos que tiveram seu ápice na melhor música da adaptação: as coadjuvantes. As duas entregaram performances cheias de simpatia e vigor, que fizeram toda a diferença.
O musical surpreendeu ao passar uma mensagem repleta de verdade, com o número musical sai vampiro, sai! Verdadeiramente inspiradora, a música é quase como o apogeu no qual se apoia todo o processo criativo dos quatro personagens.
Em determinado momento, porém, a peça se torna um pouco engessada pelo seu próprio enredo - no momento em que os personagens parecem cada vez mais distanciados da peça por motivos variados. No entanto, não é nada que afete demais o espetáculo como um todo, com sua maioria esmagadora de fatores positivos.
Um espetáculo sincero e potente, o [nome do espetáculo] se propôs a ser mais do que uma mera tradução de uma peça consagrada nos palcos da Broadway. Percebe-se um grande esforço em trazer as referências e piadas para um local em comum com o espectador - brasileiro, no ano de 2018. O musical abraça a cultura pop brasileira atual com entusiasmo, e o resultado não poderia ter sido mais interessante.
Ficha Técnica:
TEXTO ORIGINAL: Hunter Bell
LETRAS E MÚSICAS ORIGINAIS: Jeff Bowen
VERSÃO BRASILEIRA (TEXTO E MÚSICAS): Caio Scot, Carol Berres,
Junio Duarte, Luísa Vianna e Tauã Delmiro
DIREÇÃO ARTÍSTICA: Tauã Delmiro
ELENCO: Caio Scot, Carol Berres, Junio Duarte, Ingrid Klug
e Gustavo Tibi
STAND IN: Catherine Henriques
CENÁRIO: Cris de Lamare
FIGURINO: Tauã Delmiro
ILUMINAÇÃO: Paulo César Medeiros
DIREÇÃO MUSICAL: Gustavo Tibi
DIREÇÃO VOCAL: Rafael Villar
DESIGNER DE SOM: Gabriel D'Angelo
OPERADOR DE SOM: Cidinho Rodrigues
OPERADOR DE LUZ: Dans Souza
DESIGNER GRÁFICO: Thiago Fontin
PRODUÇÃO: Alessandro Zoe e Manuela Hashimoto
IDEALIZAÇÃO: Caio Scot e Junio Duarte
REALIZAÇÃO: Caju Produções
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