The Brazilian production of GYPSY is, for sure, the highest point a Broadway musical ever achieved in Brazil.The production values as well as a perfect craftsmanship by the creative team, the cast and mainly the direction and translation, turn out GYPSY in such an amazing concept that could be compared with the latest Broadway revivals of the show. It is just perfect. This is a GYPSY not only for Brazil, but for the World.
A administração desse site, em Nova York, lido por milhões de pessoas em todo o mundo, ao inaugurar uma página inteiramente dedicada ao Brasil e confiar a este que lhes escreve a editoria do material aqui divulgado, optou (como nos sites BroadwayWorld dedicados a inúmeros países) para atingir seu publico alvo (brasileiros residentes ou não no Brasil ) que todas as matérias, com excessão de seus respectivos títulos ,deveriam ser escritas em português.
Obtive desta vez uma especial concessão, após ver GYPSY no Teatro Villa Lobos, no Rio de Janeiro, para que me fosse permitido escrever pelo menos um parágrafo em Ingles , nesta crítica sobre o momento histórico do Teatro Brasileiro que acabei de testemunhar. O mundo precisa conhecer a GYPSY do Brasil. Não porque este seja de longa data o meu musical favorito. Nao. De modo algum. Mas porque já é hora de Charles Möeller e Claudio Botelho terem um reconhecimento internacional por realizarem o que era absolutamente impossível: suplantar os Criadores e aprimorarem com um talento que dispensa tryouts ou workshops, as obras originais.
Tudo é absolutamente perfeito na "nossa" GYPSY. (permitam-me que a trate assim). O texto de
Arthur Laurents e as letras de Stephen Sondheim alcançam, em sua versão brasileira ,um mosaico de detalhes linguisticos e soluções verbais que só os que conhecem a obra original podem, à distancia e sem envolvimentos emocionais, avaliar.
É absolutamente inadmissível alguem criticar um espetáculo se utilizando de comparações. Mas, desculpem, no caso é mesmo inevitável. Vamos começar pela primeira
montagem sul americana de 1992 em Buenos Aires no Teatro Astral, dirigida por Omar Cyrulnik ( com as hoje divas Mabel Manzotti como Mama Rose e Sandra Guida- que brilhou recentemente como Velma Kelly no CHICAGO portenho) que fez da obra uma realização não comprometedora mas bastante modesta e decepcionante em diversos aspectos. Passamos agora pela controvertida GYPSY de
Bernadette Peters, dirigida pelo grande
Sam Mendes (mas que parecia gritar a todo instante: "olha como podemos transformar poeira em teatro contemporâneo!!!") e chegando finalmente à
Arthur Laurents ( o homem que começou tudo em 1959) e seu recente revival com
Patti LuPone.Não vi
Angela Lansbury nem Tyne Dale interpretando Rose e, é claro, as Gypsy da Alemanha, da Italia, etc,etc,etc. Na verdade minhas economias não permitem que eu ande ao redor do mundo "catando" GYPSYs em diversos continentes. Tambem gostaria de jurar que na época que
Ethel Merman cantava GYPSY na Broadway eu ainda estava no curso primário. Mas posso afirmar, sem estar cometendo uma heresia, que a GYPSY de Möeller e Botelho reabilitou a America do Sul, deu um "banho" em
Sam Mendes e... Bem...Como produção e direção é superior ao que
Arthur Laurents fez recentemente com sua propria obra. Não que eu não tenha AMADO Patti LuPone e
Laura Benanti. Mas é que...Para encurtar a conversa: Mr Laurents ficaria muito orgulhoso ou morreria de inveja (dizem que é o seu principal defeito) dessa GYPSY falada e cantada em português. Isso eu posso garantir!
A tradução não será mais necessário comentar. Claudio Botelho é Claudio Botelho. É admirável quando se vê um homem , principalmente um artista,conseguir pairar acima de todos os julgamentos. E Claudio conseguiu, com grande esforço e muito mérito, esta posição praticamente impossível.
Charles Möeller tem em GYPSY (ao contário do que muita gente possa pensar) ao lado de
O DESPERTAR DA PRIMAVERA, um de seus trabalhos mais autorais. Aliás o principal mérito na concepção de Moeller e Botelho foi a criação de uma partitura cênica completamente inesperada na fluidez (aqui quase cinematografica) da história e na abordagem sob um ponto de vista único e pessoal, da maiorias das cenas. É deliciosamente competente a utilização dos pequenos sapateadores costurando as diversas etapas. E digna de aplausos em cena aberta a reação de Louise, já como
Gypsy Rose Lee, enfrentando com uma força visceral (que eu pelo menos nunca vi em outra montagem ou mesmo nas versões para o cinema) a presença de Rose em seu luxuoso camarim. Nesse ponto cumpre destacar a entrega absoluta de Adriana Garambone que
não teve pudores ao nos revelar a mágoa quase animalesca que a verdadeira Louise (a da vida real) deve ter demonstrado ao longo da vida em muitos momentos. Totia Meireles, por seu lado, se entregou de corpo e alma ao papel e não teve medo das inevitáveis comparações. Conclusão: um trabalho de atriz belo e meticuloso, adulto e competente.Seu "Rose's Turn" ("A Hora de Rose") é um dos momentos mais arrebatadores do Teatro Brasileiro nas ultimas décadas e, com certeza, permanecerá para sempre na memória dos que o testemunharam. Aqui uma curiosidade (e mais um gol para o Brasil): é extremamente controvertido e hoje, nos tempos de Internet, super discutido, criticado e analizado os ultimo segundos do espetáculo, ou seja a saída de Rose do palco acompanhando Gypsy para uma recepção. Sobre algumas montagens uns escrevem: "estranho e absurdo ela ter saído sem se voltar uma ultima vez para o palco em que acabou de ser o que tanto queria na vida: uma estrela". Outros já pensam diferente: " Ela caminhando desviou o olhar para a ribalta num gesto completamente absurdo e gratuito". Outros acrescentam: "Um verdadeiro sacrilégio o instante que ela abraça Gypsy e sai como uma bala do palco sem dirigir um olhar para a platéia" . Pois M&B guardaram para o final o grande "coup de theatre" que encerra, como nenhum outro em qualquer parte do planeta, este clássico do Teatro Contemporâneo. O final brasileiro de GYPSY é arrepiante como uma tragédia grega. O que eles conseguiram obter com a luz, a atuação de Totia e a suposta marquise iluminada, provoca calafrios aterrorizantes na espinha! Brilhante!
A destacar toda a parte tecnica e musical, os figurino e o cenários (dezenas deles) que, acredito, homenageiam com seus paineis de grande beleza o cenógrafo original de GYPSY, o célebre Jo Mielziner.
O restante do elenco está à altura do espetaculo: Eduardo Galvão, Dudu Sandroni, Patricia Bueno, Sheila Mattos, Ada Chaseliov e todos os bailarimos, sapateadores e crianças. Mas vai para Liane Maya, compondo uma impressionante e antológica Tessie Tura os meus aplausos finais. Que belo retorno ao lar, Liane: o palco do Teatro Musical Brasileiro que tanto precisa de talentos como o seu.
Bravo por esta GYPSY bela e defitiva Claudio e Charles. E obrigado em nome daqueles que amam de verdade o bom Teatro Musical.
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